Líderes de Estado dos países-membros do G20, que reúne as maiores economias do mundo, estão em Nova Déli, capital da Índia, para a cúpula anual do grupo, marcada para o sábado (9) e o domingo (10).
O mote da edição presidida pelo país asiático é “Uma Terra, uma Família, um Futuro”, frase extraída de um antigo texto em sânscrito. Ao que tudo indica, porém, os países-membros não farão jus ao lema. Reuniões preliminares dos sherpas, como são chamados os representantes de cada nação nas negociações acerca do comunicado final do grupo, foram marcadas pela falta de consenso.
O principal tema de desacordo é a Guerra da Ucrânia. Estados Unidos e União Europeia, apoiados por outros integrantes do G7, exigem que o documento tenha menções à “agressão da Rússia contra a Ucrânia”. Mas a Rússia —representada pelo chanceler Serguei Lavrov, uma vez que o presidente Vladimir Putin optou por se ausentar do evento— recusa-se a assinar um comunicado com uma mensagem do tipo.
Enquanto isso, a China argumenta que o fórum multilateral tem como função tratar de economia, não de conflitos. Seu dirigente, Xi Jinping, é outro que não participará da cúpula, em uma decisão anunciada dias antes do evento e vista como um tratamento esnobe dado aos anfitriões indianos. Ele havia participado de todas as cúpulas do grupo desde 2013, quando assumiu o leme do gigante asiático. Em 2021, a participação foi virtual, devido à Covid-19.
Durante o evento, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fará uma passagem simbólica da presidência do G20 para Lula (PT).
O que é o G20?
É a abreviação de Grupo dos 20, que reúne os países com as maiores economias do mundo. Os países membros se reúnem anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais. O grupo se define como o principal fórum de cooperação econômica internacional, com “papel importante na formação e no fortalecimento da arquitetura e da governança global em todas as principais questões econômicas internacionais”.
Quais países integram o grupo?
O grupo é formado por 19 países e um bloco econômico. São eles Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia.
Números divulgados pela própria organização afirmam que, juntas, as nações representam cerca de 85% do PIB global, mais de 75% do comércio mundial e quase dois terços de toda a população.
Como surgiu?
O G20 foi fundado em 1999, após uma crise financeira na Ásia. O objetivo inicial do fórum era reunir ministros da Economia e presidentes de bancos centrais dos países-membros para discutir questões econômicas.
A partir de 2008, diante do crescimento da importância dos países emergentes na economia global e após a crise financeira global, as reuniões passaram a contar com a presença de chefes de Estado. Os temas também se tornaram mais amplos, incluindo tópicos como desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia e meio ambiente.
Como funciona o grupo?
A presidência do G20 é rotativa, e a cada ano, um país-membro diferente é escolhido para liderar o grupo. O país em questão fica responsável por formular a agenda do grupo no período, e serve de anfitrião para a cúpula do evento naquele ano, recebendo não só representantes dos demais integrantes do bloco como também convidados de nações convidadas. Por fim, o presidente do grupo define qual serão os temas debatido durante o encontro.
A Índia preside o fórum em 2023, e o Brasil o chefiará em 2024 —a data oficial da passagem de bastão é 1º de dezembro deste ano.
Quem estará na cúpula deste ano?
Líderes de Estado dos países-membros:
- Alberto Fernández (Argentina)
- Anthony Albanese (Austrália)
- Cyril Ramaphosa (África do Sul)
- Emmanuel Macron (França)
- Fumio Kishida (Japão)
- Giorgia Meloni (Itália)
- Joe Biden (EUA)
- Joko Widodo (Indonésia)
- Justin Trudeau (Canadá)
- Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil)
- Mohammed bin Salman (Arábia Saudita)
- Narendra Modi (Índia)
- Olaf Scholz (Alemanha)
- Recep Tayyip Erdogan (Turquia)
- Rishi Sunak (Reino Unido)
- Ursula von der Leyen e Charles Michel (União Europeia)
- Yoon Suk-yeol (Coreia do Sul)
Convidados especiais:
- Abdel Fattah al-Sisi (Egito)
- Bola Tinubu (Nigéria)
- Haitham bin Tariq (Omã)
- Janet Yellen (Estados Unidos; secretária do Tesouro)
- Lee Hsien Loong (Singapura)
- Mark Rutte (Holanda)
- Mohammed bin Zayed (Emirados Árabes Unidos)
- Pravind Kumar Jugnauth (Maurício)
- Sheikh Hasina (Bangladesh)
Dirigentes do Banco Mundial, FMI (Fundo Monerário Mundial), FSB (Conselho de Estabilidade Financeira) também são convidados, assim como os chefes da ONU (Organização das Nações Unidas), OMC (Organização Mundial do Comércio), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
E quem não estará?
As ausências mais notáveis são dos seguintes líderes de países-membros:
- Xi Jinping (China; será representado pelo primeiro-ministro Li Qiang)
- Andrés Manuel López Obrador (México)
- Vladimir Putin (Rússia; representado pelo chanceler Serguei Lavrov)