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Finlândia pede para Europa se preparar contra ameaça russa – 13/04/2024 – Mundo

O novo presidente da Finlândia, Alexander Stubb, pediu a outros membros da Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, para serem menos “beligerantes” em sua retórica contra a Rússia e, em vez disso, prepararem seus Exércitos a um possível conflito.

Mesmo sem acreditar em um ataque russo a um país da Otan antes de 2030, o político disse em entrevista ao jornal britânico Financial Times que as recentes advertências públicas sobre uma possível agressão estavam desviando a atenção do que os países europeus realmente deveriam focar: ajudar a Ucrânia e preparar suas Forças Armadas.

“Estou um pouco preocupado com esse discurso bastante beligerante sobre a Rússia testar o Artigo 5 [cláusula de defesa coletiva da Otan], e que a Europa é a próxima. Acho que devemos nos preparar para isso, mas acho altamente improvável”, disse Stubb, que assumiu o cargo no mês passado, em sua primeira entrevista internacional a um jornal.

“O que peço a todos os Estados europeus é que se tornem mais finlandeses. Em outras palavras, mais preparados. Você tem de se preparar ao pior para evitá-lo”, acrescentou.

Ele acrescentou ainda que apoiar Kiev nos próximos meses é primordial, já que o presidente russo, Vladimir Putin, está “se sentindo muito confiante” e mirando uma “janela de oportunidade” para romper as defesas da Ucrânia entre agora e setembro.

Neste ano, houve uma enxurrada de advertências de líderes europeus, desde Polônia, Alemanha e Suécia até Reino Unido e Estônia, sobre a perspectiva de a Rússia atacar um país da Otan nos próximos três a dez anos.

As declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, também se tornaram muito mais duras em relação à Rússia nos últimos meses, e o principal diplomata da UE afirmou nesta semana que uma guerra europeia fora da Ucrânia “não é mais uma fantasia”.

Essas advertências foram baseadas no aumento dos gastos com defesa da Rússia, que tem adotado uma “economia de guerra” e prometido intensificar as tropas na fronteira com a Otan.

Stubb disse que a Europa tem “uma janela de oportunidade por alguns anos” para mudar seu pensamento da “terra do faz de conta” da era pós-Guerra Fria, quando muitos países consideravam o conflito improvável.

“Para a aliança [Otan] e a União Europeia, não se trata apenas de os Estados fronteiriços estarem preparados, trata-se de todos estarem preparados”, acrescentou. “A boa notícia é que estamos preparados, aconteça o que acontecer.”

Stubb mencionou o serviço militar obrigatório, como ocorre na Finlândia, entre as medidas que outros países europeus deveriam considerar.

O presidente reconheceu que seu apelo era um “pouco não finlandês”, já que o país é conhecido por sua abordagem tranquila. Mas ele acrescentou que a nação havia lutado em mais de 30 guerras e conflitos com a Rússia desde os anos 1300.

A Finlândia se tornou membro da Otan no ano passado, depois de se candidatar à aliança nas semanas posteriores à invasão da Ucrânia, uma decisão que alterou décadas de neutralidade do país. Após a entrada de Helsinque no grupo, a fronteira direta da aliança com a Rússia se expandiu em 1.340 km.

Questionado sobre os planos militares da Rússia de aumentar sua presença ao longo da fronteira finlandesa, Stubb respondeu: “Não estamos preocupados com isso, mas estamos preparados”.

Segundo ele, a projeção da Finlândia é que, até 2030, a Rússia tenha um líder autoritário, além de ter “reabastecido” seu Exército para aproximadamente o mesmo nível de antes do início da guerra.

Stubb instou os países da Otan a “apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário” para que o país consiga repelir a ofensiva da Rússia no segundo semestre. Ele acrescentou: “Os russos entendem que sua janela de oportunidade começará a se encerrar no final de agosto, início de setembro. Por isso, é urgente ajudar a Ucrânia agora”.

Ele também disse que a Finlândia, no curto prazo, está esvaziando seu próprio estoque de armas e munições para apoiar Kiev e, em seguida, reabastecê-lo.

A mídia finlandesa vem retratando Stubb como um “presidente da Otan”, dado que suas primeiras viagens ao exterior não foram para a Suécia, como é feito tradicionalmente, mas à Noruega, para acompanhar um exercício militar da Otan, para Kiev, e, nesta semana, para Bruxelas, onde se encontrou com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.

Fonte: Folha de São Paulo

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