A jovem filha do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, que frequentemente acompanha seu pai em eventos públicos e testes de mísseis de longo alcance, é a sucessora mais provável de Kim caso ele morra, afirmou a agência de inteligência da Coreia do Sul aos parlamentares do país nesta quinta-feira (4).
Embora a Coreia do Norte não revele nenhum detalhe pessoal sobre a filha do ditador, incluindo seu nome e idade, autoridades sul-coreanas a identificaram como Kim Ju-ae. Quando bebê, ela chamou a atenção da imprensa quando o ex-jogador de basquete da NBA, Dennis Rodman, disse que foi autorizado a segurar a criança ao conhecer Kim em Pyongyang, em 2013.
A mídia estatal da Coreia do Norte a chamou de “criança mais amada” ou “respeitada” de Kim e mostrou imagens de generais militares e outros altos funcionários ajoelhados diante dela. Tais cenas têm gerado especulações generalizadas entre analistas externos de que a filha está sendo preparada como herdeira aparente de seu pai.
Até agora, porém, o governo sul-coreano tem sido cauteloso ao especular sobre o status da menina no regime. Autoridades de Seul dizem que, embora a regra dinástica da família Kim provavelmente continuasse no Norte após a morte de Kim, eles não tinham certeza de qual criança o sucederia.
Kim tem outro filho mais novo que Ju-ae, de acordo com autoridades sul-coreanas. Eles afirmam, segundo informações de inteligência, que Kim também poderia ter um filho mais velho. Até agora, Ju-ae é a única criança de Kim conhecida por ter aparecido em público.
“Até o momento, Kim Ju-ae é vista como a sucessora mais provável”, disse a Agência de Inteligência Nacional, o principal órgão de espionagem do governo sul-coreano, em avaliação divulgada nesta quinta-feira por meio de um integrante da Assembleia Nacional. A avaliação foi incluída em respostas por escrito que a agência forneceu a perguntas de Youn Kun-young, membro do comitê de inteligência da Casa.
Mas a agência alertou que também estava considerando “todas as possibilidades” no plano de sucessão do Norte, dadas as “muitas variáveis”, e não deu mais detalhes, além de observar que Kim ainda é jovem —ele completa 40 anos na próxima segunda-feira (8)— e não é conhecido por ter problemas de saúde graves.
Ju-ae fez sua primeira aparição pública em novembro de 2022, quando assistiu a um teste de míssil de longo alcance com seu pai. Desde então, ela acompanhou Kim em eventos estatais importantes, como desfiles militares, dividindo o centro do palco com seu pai na cobertura da mídia norte-coreana.
A imprensa estatal frequentemente mostra o pai e a filha se abraçando e tocando o rosto um do outro em gestos de carinho. Em uma celebração de Ano-Novo em Pyongyang no domingo (31), Kim foi visto em imagens da TV norte-coreana abraçando e beijando sua filha na bochecha.
A Coreia do Norte não é uma monarquia, mas tem tido liderança dinástica desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Seu principal líder é supostamente eleito por meio de um congresso do Partido dos Trabalhadores governante. Na realidade, porém, os Kims têm governado o país como uma empresa familiar privada desde sua fundação. Tanto o avô quanto o pai de Kim governaram até morrerem. Kim assumiu depois que seu pai, Kim Jong-il, morreu em 2011.
A questão de quem herdaria o regime —e o arsenal nuclear em rápido crescimento do país— tem fascinado autoridades e analistas. Se Ju-ae substituir Kim como líder, ela seria a primeira governante feminina de um país profundamente patriarcal e dominado por homens.
É notoriamente difícil prever o funcionamento interno do regime opaco de Pyongyang. Muitos analistas externos especulam há tempos que um dos dois irmãos mais velhos de Kim Jong-un substituiria seu pai —até que a Coreia do Norte revelou Kim como sucessor após o derrame de Kim Jong-il em 2008.
Acredita-se que Ju-ae tenha cerca de 10 anos. Especialistas no regime dizem que, dada sua pouca idade, ainda é cedo demais para dizer se ela eventualmente irá desenvolver o tipo de qualidades de liderança implacáveis que seu pai demonstrou ao estabelecer sua autoridade incontestável por meio de uma série de expurgos sangrentos, incluindo a execução de seu tio e o assassinato de seu meio-irmão.