Em um mundo onde o entretenimento superficial domina as nossas vidas e o pensamento raso se infiltra nas nossas decisões, os festivais literários surgem como verdadeiras trincheiras da resistência intelectual.
Eventos como o “Fliparacatu, Amor Literatura e Diversidade” —que começou nesta quarta (28) em Minas Gerais—, dedicados à discussão dos grandes temas da sociedade, são muito mais do que simples encontros culturais; são, na verdade, um dos poucos espaços públicos que ainda se dedicam genuinamente ao conhecimento em sua forma mais pura.
Visitar um festival literário, ouvir um escritor discorrendo sobre o futuro da sociedade, é, de certo modo, como consultar um oráculo. Os autores, que não estão escravizados pelo imediatismo ou pelo sensacionalismo, passam a maior parte do tempo imersos em reflexões profundas sobre o desenvolvimento social, a ética e a condição humana. São dos poucos que ainda enxergam além do óbvio, questionam o que a maioria aceita sem contestar e têm muito a dizer sobre o nosso futuro coletivo.
Fazer com que o público se aproxime desses escritores e deseje partilhar de suas experiências é essencial para combater o vício que a sociedade globalizada incute nas pessoas: o gosto pelo que é fácil, imediato e frequentemente maniqueísta. Em um festival literário, as discussões não se limitam ao preto e branco, ao certo e errado; elas exploram as nuances, as contradições e as complexidades que definem a realidade.
Cada vez que um festival literário é realizado, mais pessoas têm a oportunidade de escapar da superficialidade e mergulhar em um universo de ideias e questionamentos que realmente importam. Cada nova edição de eventos como os de Paracatu, Itabira ou Petrópolis é uma chance a mais de retirar um Pablo Marçal do espaço público da sociedade, exonerando paulatinamente o peso que nos arrasta para a mediocridade coletiva.
Um festival literário é uma oportunidade de reacender a chama da curiosidade, do debate inteligente, e de lembrar a todos que o verdadeiro progresso não se faz com respostas fáceis, tuítes polêmicos ou ataques pessoais. Mas com perguntas difíceis, colunas pensadas, e partilhas comunitárias.
Por isso o crescimento e o aparecimento de mais festivais literários é tão importante. Eles hoje são bastiões de um saber que resiste às pressões do entretenimento vazio e que, por meio da palavra escrita e falada, defende os valores mais nobres da humanidade.
Em um tempo onde a cultura está cada vez mais submetida às leis de mercado, os festivais literários representam uma forma de resistência popular e, ao mesmo tempo, profundamente intelectualizada. São um convite para que todos nós, como cidadãos, elevemos o nível da nossa discussão pública e, com isso, contribuamos para uma sociedade mais justa, crítica e informada.
Escolher visitar um festival literário é muito mais do que participar de um evento cultural; é um ato de resistência, uma escolha consciente por uma vida intelectual mais rica e, em última análise, uma contribuição inestimável para a defesa da democracia e do pensamento livre.
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