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EUA: Mais de 100 detidos em protesto pró-Palestina – 18/04/2024 – Mundo

Mais de 100 estudantes foram presos nesta quinta-feira (18) depois que a Universidade Columbia, em Nova York, chamou a polícia para esvaziar um acampamento de manifestantes pró-Palestina, cumprindo uma promessa ao Congresso feita pela reitora da universidade de que ela estava preparada para punir pessoas por atos não autorizados.

“Eu dei esse passo extraordinário porque são circunstâncias extraordinárias”, escreveu a reitora Nemat Shafik em um e-mail enviado para toda a universidade na tarde de quinta.

A decisão rapidamente aumentou a temperatura no campus, que vinha sendo abalado há meses por manifestações ruidosas pró-Palestina que muitos judeus consideravam antissemitas.

Em meio à divisão dos campi pela guerra entre Israel e Hamas, a ação poderia se tornar um marco e uma baliza para a gestão de protestos no país. Mas muito menos claro era se a tática de fato acalmaria os ânimos ou se faria pouco além de enfurecer e inflamar ainda mais a situação.

Os manifestantes já haviam prometido que qualquer esforço para desmantelar o acampamento só os fortaleceria.

A mensagem de Shafik chegou enquanto vários policiais de choque da cidade de Nova York marchavam em direção ao acampamento de cerca de 50 barracas que havia surgido no início da semana. Nesta quinta, os manifestantes seguravam bandeiras palestinas e se aglomeravam no chão, e uma multidão de espectadores observava enquanto os policiais avançavam sobre as barracas na área que se autodenominava “acampamento de solidariedade com Gaza”.

“Como vocês se recusaram a se dispersar, agora serão presos por invasão”, ouvia-se em um alto-falante. Os manifestantes respondiam com seu próprio grito repetido: “Columbia, Columbia, você verá, a Palestina será livre”

O prefeito de Nova York, Eric Adams, afirmou de noite que, embora Columbia tenha uma “orgulhosa história de protestos”, os estudantes não “têm o direito de violar as políticas da universidade e perturbar o aprendizado”.

Menos de uma hora depois, pelo menos dois ônibus foram preenchidos com manifestantes presos, enquanto outros expressavam seu descontentamento aos policiais. Entre os presos, segundo a polícia, estava Isra Hirsi, filha da deputada Ilhan Omar, democrata de Minnesota. Hirsi recebeu uma intimação por invasão.

“Podem nos ameaçar o quanto quiserem com a polícia, mas, no final das contas, isso só vai levar a mais mobilização”, disse Maryam Alwan, uma estudante e ativista pró-Palestina no campus, antes das prisões.

Gravado na história da Columbia está a repressão policial brutal que seus administradores autorizaram em 1968 contra estudantes que manifestavam e ocupavam prédios acadêmicos. As consequências da violência mancharam a reputação da universidade e a levaram a adotar reformas em favor do ativismo estudantil.

Agora, a instituição aponta com orgulho esse ativismo como um dos marcos de sua cultura, e o promove para estudantes em potencial. Na quinta, Shafik insistiu que os funcionários da universidade “trabalham duro para equilibrar os direitos dos estudantes de expressar opiniões políticas com a necessidade de proteger outros estudantes de retórica que equivale a assédio e discriminação”.

Nos últimos meses, ela e gestores universitários por todo o país têm sentido essa tensão. O governo federal abriu investigações sobre o tratamento de denúncias de preconceito em dezenas de instituições, e o Congresso americano realizou diversas intimações para testemunhos sobre o assunto.

Columbia, com cerca de 5.000 estudantes judeus e um vibrante apoio à causa palestina, tem chamado atenção especial, o que levou à presença de Shafik e de outros três gestores da universidade no Capitólio na quarta-feira (17).

Perante o Comitê de Educação e Trabalho, liderado pelos republicanos, a reitora e outros líderes de Columbia sinalizaram uma abordagem mais dura. A co-reitora do conselho da universidade, Claire Shipman, declarou que havia “uma crise moral em nosso campus”. Shafik detalhou algumas das ações disciplinares em andamento, incluindo suspensões e demissões.

A abordagem conciliatória em relação aos republicanos da Câmara enfureceu muitos no campus.

Em Nova York, alguns estudantes e professores reclamaram que os gestores haviam se curvado em grande parte a um Congresso cujo questionamento insistente ajudou a alimentar as recentes renúncias de reitores da Universidade Harvard e da Universidade da Pensilvânia.

Em um comunicado antes das detenções dos manifestantes, Apartheid Divest, uma coalizão de grupos estudantis, disse que os participantes do acampamento planejavam permanecer ali até que a universidade atendesse às suas demandas, incluindo que cortasse seus laços financeiros com Israel.

Ao mesmo tempo que a decisão de Shafik de chamar a polícia recebeu críticas imediatas dos manifestantes e seus apoiadores, outros no campus sinalizaram que apoiariam uma repressão.

“Há diretrizes e, se as estão violando, não vejo por que isso é uma circunstância especial”, disse Ami Nelson, estudante.

Cinco dias após o ataque a Israel, centenas de manifestantes se reuniram no campus, e a universidade fechou seus portões —uma medida que agora se tornou familiar à medida que os protestos se intensificaram. Semanas depois, a Columbia suspendeu os grupos estudantis Estudantes pela Justiça na Palestina e Voz Judaica pela Paz, em razão de atos não autorizados.

“Este é um momento desafiador e são passos que lamento profundamente ter que tomar”, escreveu Shafik nesta quinta.

As barracas foram removidas mais tarde. Mas em poucas horas, outro protesto se formou no gramado e novas tendas foram erguidas.

Fonte: Folha de São Paulo

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