O governo dos Estados Unidos discute a possibilidade de conceder anistia ao ditador Nicolás Maduro e aliados em troca de uma transição de poder no Venezuela, afirmou o The Wall Street Journal.
O jornal cita três integrantes do governo americano que acompanham as discussões. Segundo a publicação, os EUA colocaram tudo sobre a mesa para convencer Maduro a deixar o poder antes do fim do seu mandato, em janeiro.
A ideia, segundo o diário americano, seria oferecer perdão a Maduro e aos principais militares que enfrentam indiciamento do Departamento de Justiça americano. Além da anistia, seria oferecida a garantia de que os EUA não os processariam visando a extradição.
Em 2020, Washington estipulou recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,6 milhões, na cotação atual) por informações que levassem à prisão de Maduro, sob a acusação de conspirar com o narcotráfico dentro do país.
O fato de Maduro ter sob seu controle instituições como as Forças Armadas e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) diminui as chances de sucesso do governo Joe Biden. Os EUA fizeram uma oferta de anistia ao ditador em Doha, no ano passado, mas ele se recusou a discutir acordos em que teria que deixar o cargo, segundo o Wall Street Journal. Uma pessoa próxima ao regime disse que a posição não mudou.
Maduro disse que está aberto a conversas, desde que Washington lhe mostre respeito. Em outras ocasiões, ele afirmara aos EUA para cuidarem da própria vida.
O ditador Nicolás Maduro foi declarado vencedor do pleito pelo órgão eleitoral venezuelano, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), horas depois do fechamento das urnas. Segundo o conselho, que é controlado pelo chavismo, o líder teria obtido 52% dos votos, contra 43% da oposição.
Mas o resultado é contestado pelos adversários do regime e organizações independentes e não foi reconhecido por grande parte da comunidade internacional —incluindo o Brasil, que, assim como outros países, pede a divulgação das atas eleitorais que comprovariam a vitória do regime.
Parte do rito eleitoral venezuelano, esses documentos permitem cruzar o total de votos computados e a quantidade de votos que cada candidato recebeu em uma determinada mesa.
A líder da coalizão antichavista, María Corina Machado, e o representante do grupo nas urnas, o ex-diplomata Edmundo González, afirmam ter conseguido coletar mais de 80% dessas atas. Os papéis, que foram disponibilizados na internet, dão vitória a González, que teria obtido 67,2% dos votos contra 30% de Maduro.
Uma checagem das atas realizada pelo projeto independente MOE (Missão de Observação Eleitoral), da Colômbia, constatou que há “sérios indícios” da integridade das cópias virtuais divulgadas pela oposição. A MOE analisou o código QR de uma amostra das atas e observou que todas as informações dos documentos físicos correspondiam às do código, tornando uma fraude muito improvável.
O Brasil não reconheceu nem a vitória de Maduro nem a de González, que no último dia 5 assinou uma carta como presidente eleito da Venezuela. Dois dias depois, em outra missiva, recuou e deixou de se reconhecer em assinatura como vencedor oficial do pleito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer que não via “nada de grave, nada de anormal” no resultado das eleições no país vizinho. O Itamaraty segue insistindo na divulgação detalhada dos resultados por parte do regime, trabalhando junto com outras grandes economias da região, como Colômbia e México, por uma solução negociada para o impasse entre Maduro e a oposição.