Centenas de milhares de pessoas, convocadas pelo conservador Partido Popular (PP), saíram às ruas da Espanha neste domingo para protestar contra o governo do socialista Pedro Sánchez (PSOE) e a anistia que o premiê costurou com os separatistas catalães do Junts.
O PP organizou manifestações em 52 capitais de províncias. O maior evento aconteceu em Madri. Ali, na Porta do Sol, marco zero da cidade, 80 mil pessoas se reuniram por volta do 12h do horário local (8h em Brasília) segundo dados do governo. O PP rebateu o número, inicialmente divulgando que atraiu 500 mil manifestantes. Depois, elevou a cifra para 1 milhão.
“Não ficaremos calados até que possamos voltar a falar em eleições e a votar novamente. O que está sendo feito [pelo governo] é o oposto daquilo em que votamos. Eles têm medo das urnas. Nós, espanhóis, temos o direito de dar a nossa opinião”, afirmou Alberto Nuñez Feijóo, líder do partido conservador, em Madri.
Nas ruas, liam-se cartazes como “Espanha vendida por sete votos”; “Sánchez e Puigdemont [líder do Junts] para a prisão”; “Sánchez, demita-se”; “Espanha de pé”; “Contigo voltamos à Espanha negra”;”Sem anistia”;”Queremos votar. Não houve relatos de violência.
Os eventos deste domingo parecem ser o clímax de uma série de protestos que começou há cerca de uma semana, quando o Vox, de ultradireita, passou a convocar seus apoiadores para se manifestar contra a anistia em frente às sedes do PSOE em Madri e outras cidades. Alguns desses atos descambaram para a violência, como na terça-feira (7), quando 29 policiais e 10 manifestantes acabaram feridos.
O polêmico acordo concede anistia aos membros do Junts que foram presos e sofrem processos após proclamarem a independência da Catalunha sem respaldo legal em 2017. Ele foi a forma que Sánchez encontrou de obter maioria do Congresso na votação de sua investidura para liderar por mais quatro anos o governo da Espanha.
Nesta semana, aliás, o líder deve finalmente subir à tribuna do Congresso dos Deputados para o debate de investidura que deve garantir a ele um novo mandato. Ao final, apesar de perder para a direita em números absolutos nas eleições gerais de 23 de junho, ele foi capaz de fazer acordos com todos os partidos políticos representados no Congresso, com exceção do PP (137 cadeiras), do Vox (33) e da União do Povo Navarro (apenas um deputado). Terá, portanto, esses 171 votos contrários entre os 350 do Congresso.
Os outros 179 deverão dizer “sim” a Sánchez, garantindo a ele a maioria na Casa. O debate de investidura está previsto para começar na quarta-feira (15) e ter resultado na quinta.