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Entenda a onda de violência anti-imigração no Reino Unido – 05/08/2024 – Mundo

Após um fim de semana de levantes violentos em todo Reino Unido, desencadeados após um ataque a facadas que deixou três crianças mortas na semana passada e uma campanha de desinformação anti-imigrante que se seguiu, a tensão está alta tanto nas ruas quanto nos gabinetes dos líderes do governo.

Leia abaixo o que se sabe até agora enquanto o país entra em uma nova semana de incerteza.

Onde ocorreram os distúrbios?

Durante o fim de semana, manifestantes foram às ruas de várias cidades em todo o Reino Unido, a maioria delas na Inglaterra. Problemas surgiram de Aldershot, no sul, a Sunderland, no norte, e Liverpool, no oeste. Belfast, na Irlanda do Norte, também foi envolvida na confusão.

No domingo, saqueadores atacaram um hotel que abrigava solicitantes de asilo na cidade de Rotherham, no norte da Inglaterra, quebrando janelas antes de invadir enquanto a polícia lutava para controlá-los. Não se sabe se os migrantes ainda estavam abrigados ali. Nenhum hóspede ficou ferido na confusão, disse a polícia.

Em Middlesbrough, um grupo de saqueadores, alguns mascarados, atirou garrafas e pedras nos policiais. Carros foram incendiados, e pelo menos nove pessoas foram presas. No sábado, uma biblioteca e uma loja foram incendiados em Liverpool, enquanto grupos danificavam e saqueavam empresas. Em Hull, os vândalos provocaram incêndios e destruíram fachadas de estabelecimentos.

Quase 150 pessoas foram presas durante o fim de semana, disseram representantes da polícia nacional, e dezenas de agentes ficaram feridos, incluindo alguns que precisaram de atendimento hospitalar.

O que desencadeou os protestos?

Os distúrbios começaram depois que um jovem de 17 anos armado com uma faca atacou uma aula de dança infantil na segunda-feira (29) na cidade litorânea de Southport, perto de Liverpool. Três crianças foram mortas, e oito ficaram feridas.

O suspeito nasceu e cresceu no Reino Unido, mas logo circularam rumores online de que ele era um imigrante no país sem autorização. Para combater essas alegações falsas, as autoridades tomaram a medida incomum de identificá-lo publicamente. No entanto, como a migração já é um tema sensível para os britânicos especialmente na extrema direita, os boatos já foram suficientes para deflagrar os distúrbios.

Grupos extremistas instaram seus seguidores a irem para as ruas. No dia seguinte aos esfaqueamentos, eles começaram a fazê-lo, começando em Southport.

Como as autoridades responderam?

Os distúrbios provocaram uma pesada resposta policial. Quase 4.000 agentes adicionais foram mobilizados. “Não tenham dúvidas: aqueles que participaram dessa violência enfrentarão todo o rigor da lei”, disse o primeiro-ministro Keir Starmer.

“Eu garanto que vocês se arrependerão de participar dessa desordem”, disse Starmer. “Isso não é protesto. É uma violência organizada e brutal.”

Ben-Julian Harrington, chefe de ordem pública do Conselho Nacional de Chefes de Polícia da Grã-Bretanha, disse que a desinformação online foi “um grande motivador dessa violência terrível”.

Segundo Harrington, equipes de inteligência, investigadores e policiais locais estão trabalhando para identificar as pessoas que estão fomentando a violência.

As autoridades têm tentado conter a desinformação nas redes sociais, um dos aceleradores por trás dos distúrbios. O Reino Unido e outras democracias se veem diante de um terreno legalmente obscuro ao policiar a internet, pois precisam conciliar respeito a direitos individuais e à liberdade de expressão com a intenção de bloquear material prejudicial.

Quais são as implicações políticas?

Os distúrbios são a primeira crise política para Starmer, que assumiu o cargo há apenas um mês, depois de seu Partido Trabalhista derrotar por larga margem os Conservadores, que governaram o país por 14 anos.

Enquanto estava no poder, o Partido Conservador tentou capitalizar a insatisfação pública com a imigração, prometendo reduzi-la (embora tenham falhado em fazê-lo). Nos últimos dias, os conservadores se juntaram aos trabalhistas em condenar os protestos violentos.

O ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, que agora é líder da oposição, disse que os distúrbios não tinham “nada a ver com a tragédia em Southport”. A polícia, afirmou, tem “todo o nosso apoio para lidar rapidamente com esses criminosos”.

Starmer realizou uma reunião de emergência nesta segunda-feira (5), como parte de um protocolo estabelecido que reúne ministros relevantes do governo, funcionários públicos e representantes da polícia e dos serviços de inteligência. Após o encontro, ele prometeu “condenações rápidas”.

Fonte: Folha de São Paulo

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