Com as notícias sobre o risco iminente de colapso da mina 18, mantida pela Braskem, muitas dúvidas surgiram em relação ao trabalho feito para preenchimento dos espaços, e também sobre a possibilidade de reverter a possibilidade dolina. À TV Pajuçara, o engenheiro mecatrônico Arthur Cavalcante, que trabalhou por três anos nos bairros atingidos pelos efeitos da mineração, explicou como é feito o processo de preenchimento das minas, como também previu o que pode acontecer em caso de colapso.
“O melhor cenário seria se acontecesse a dolina, que ela afundasse e que não prejudicasse as demais minas. Mas como sabemos, há uma série de minas na região. E a gente tem uma mina prestes a dolinar, e no pior cenário, ela pode estar afetando as outras”, iniciou em entrevista exclusiva ao repórter Williamis Tavares, no programa Balanço Geral Alagoas.
“Não é descartada a possibilidade de afetar outras minas. Tem um diâmetro máximo, cada uma delas, de 150 metros, ou seja, estão distribuídas em toda região, Mutange, Bebedouro, Bom Parto… E o cenário, o pior deles, seria ela dolinar e afetar as demais”, continuou o engenheiro.
Cavalcante destacou que o preenchimento é feito com um tipo especial de areia, porém como existe salmoura dentro das minas, há dificuldade para encher o espaço. “É um processo inédito no mundo. É desenvolvida uma tecnologia de injeção de areia, numa profundidade média de 1 km a 1,5 km. A região que está vazia, teoricamente sem nada, na verdade está com água, que a gente chama de salmoura, quando a água tem contato com a camada de sal. A mina fica lá, e o sistema de preenchimento é retirar a salmoura e injetar areia”.
(Reprodução: TV Pajuçara)
O engenheiro salientou que a mina 18 estava entre as prioridades para preenchimento com areia com urgência. “A Braskem fez uma análise junto com os órgãos governamentais para ver quais as minas mais críticas. Então foi dado como prioridade. A mina 18 estava entre as prioritárias, mas tinham mais minas em situação crítica, como a 4, a 7, e outras. Pela demanda de areia, são toneladas sendo injetadas, a Braskem teve dificuldade na aquisição, porque não é qualquer areia. Tem que ter toda uma análise, e isso demora. A mina 18 estava na fila de espera para ser preenchida, só que infelizmente não deu tempo de atuar nela”, disse.
Ele afirmou ainda que o colapso pode causar danos ambientais para a lagoa. “Infelizmente todas as minas estão na cavidade, próxima da camada de sal, algumas estão inteiramente, e outras parcialmente. Imagina o volume gigantesco da mina 18 e ela dolinar. E repito, não está vazia, tem água com sal de vários anos. E ainda está em contato com a camada de sal. No pior cenário, esse líquido vazaria para a lagoa. Pode afetar drasticamente o ecossistema da lagoa”.
Por fim, o engenheiro disse que ainda as cavidades, anualmente, se aproximam da superfície. “Cada ano, as cavidades vão chegando mais próximas da superfície. Elas vão se deslocando para cima. Então tem umas que foram desativadas anos atrás com 800 metros e hoje elas estão com 720 metros. Então apenas o tempo poderá dizer se vamos conseguir preencher a maioria ou completamente todas as minas, ou não”.
O TNH1 entrou em contato com a Braskem para saber se a empresa confirma as informações dadas pelo engenheiro e se tem conhecimento sobre o colapso afetar outras minas. A matéria será atualizada, caso a mineradora se manifeste.