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Enchentes no Afeganistão deixam mais de 300 mortos – 11/05/2024 – Mundo

As inundações no nordeste do Afeganistão mataram pelo menos 315 pessoas e feriram mais de 1.600, afirmou o Ministério de Repatriação do país neste domingo (12), ao atualizar a cifra de vítimas das fortes chuvas da sexta-feira (10). O novo balanço dobra o número de mortos confirmados pelas autoridades na véspera.

Neste sábado (11), o ministério do Interior do Talibã —grupo fundamentalista islâmico que em 2021 retomou o controle do país— havia informado um número menor de mortos. Na ocasião, a pasta afirmou que enchentes nas províncias Baghlan, Takhar e Badakhshan haviam matado ao menos 153, enquanto o Programa Mundial de Alimentos da ONU dizia que o número passava de 300.

Milhares de casas foram danificadas e rebanhos foram dizimados, de acordo com o ministério, e há danos em instalações de saúde e infraestrutura vital, segundo grupos de ajuda. No distrito de Nahrin, na província de Baghlan, as pessoas levaram seus mortos envoltos em mortalhas para um cemitério.

“Não temos comida, água potável, abrigo, cobertores, nada. As inundações destruíram tudo”, disse Muhammad Yahqoob, que perdeu 13 membros de sua família, incluindo crianças. “De 42 casas, apenas duas ou três permanecem. Todo o vale foi destruído.”

Em um comunicado, o ministro da Economia do Talibã, Din Mohammad Hanif, pediu ajuda às organizações internacionais e ao setor empresarial.

Segundo o diretor do Afeganistão da ONG Save the Children, Arshad Malik, as inundações varreram vilarejos. “Vidas e meios de subsistência foram levados pelas águas”, disse ele. Malik estimou que 310 mil crianças viviam nos distritos mais afetados.

As autoridades do Talibã disseram ter enviado helicópteros para tentar ajudar civis na noite de sexta após receberem relatos de que mais de cem pessoas estavam presas.

Na aldeia de Karkar, na província de Baghlan, os moradores realizaram funerais para os mortos em decorrência das inundações. “Perdi cinco membros da minha família —dois filhos, duas filhas e a mãe deles”, disse Gulbudeen, que revelou apenas o primeiro nome, à agência de notícias Reuters.

“Estávamos do outro lado da inundação, mas não pudemos ajudá-los, e a certa altura a inundação tirou a vida dos nossos entes queridos.”

Imagens publicadas nas redes sociais mostraram torrentes de água varrendo casas em várias aldeias e deixando um rastro de destruição.

O Afeganistão tem sido atingido por chuvas fortes nas últimas semanas, e enchentes vêm tirando a vida de dezenas de pessoas desde meados de abril.

As inundações súbitas acontecem quando a chuva é tão forte que a velocidade de drenagem normal do solo não consegue absorver a água. À rede britânica BBC, especialistas explicaram que inverno relativamente seco contribui para diminuir essa capacidade de absorção. Vastas áreas de terras agrícolas também foram submersas.

Chuvas torrenciais e inundações matam pessoas todos os anos no Afeganistão, onde as casas mal construídas em zonas rurais isoladas são particularmente vulneráveis. Cientistas afirmam que o país da Ásia Central é um dos mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas, além de um dos menos preparados para suas consequências.

As enchentes desta sexta levaram muitos a ficar desabrigados e “afetaram gravemente” os sistemas de transporte, água e coleta de lixo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). “O impacto foi profundo, resultando em perda de vidas e feridos, com muitas pessoas ainda desaparecidas”, disse o escritório da entidade no país em comunicado.

A entidade acrescentou que quatro centros médicos foram comprometidos e outro, completamente destruído pelas inundações. Ainda disse que estava enviando equipes de saúde para dar assistência nas áreas inundadas.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) contabilizou mais de 2.000 casas destruídas.

As inundações de uma primavera excepcionalmente chuvosa também afetaram outras províncias do Afeganistão.

Fonte: Folha de São Paulo

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