A atualização final do modelo da revista The Economist de previsão dos resultados da eleição presidencial dos Estados Unidos mostra um ligeiro incremento nas chances de vitória de candidata democrata, Kamala Harris, de 50% para 56%.
A margem de 6 pontos percentuais é pequena, e não seria uma surpresa se Donald Trump vencesse por mais do que isso. A última semana de campanha de Kamala foi, no entanto, amplamente vista como mais forte do que a de Trump, e o conjunto de pesquisas levado em conta pelo modelo confirma essa avaliação.
De 67 pesquisas divulgadas nesta segunda-feira (4), 44 mostraram números melhores para Kamala do que os previstos pela Economist anteriormente.
Os dados pareciam especialmente promissores para ela no chamado Cinturão da Ferrugem, formado por estados antes dominados pela indústria pesada.
Ela liderou por uma média de 1 ponto percentual em seis pesquisas na Pensilvânia, que possivelmente decidirá este pleito, e em cinco pesquisas no Wisconsin pela mesma margem. Em Michigan, estado-pêndulo onde ela tem mais intenções de voto de acordo com os levantamentos, cinco pesquisas a colocaram com vantagem de em média 2 pontos percentuais.
À primeira vista, pesquisas nos estados do Cinturão do Sol trazem um cenário menos favorável para a vice-presidente, mostrando-a atrás de seu adversário republicano por uma média de 1 a 2 pontos no Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte.
Esses resultados são, no entanto, melhores do que os que ela tinha obtido em levantamentos conduzidos nesses estados anteriormente.
A empresa AtlasIntel, por exemplo, tendia a inflar a margem de vantagem de Trump em 2,4 pontos percentuais. Mas as 13 pesquisas que ela publicou na segunda trazem resultados muito mais próximos do consenso.
Levando essas distorções em conta, assim, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte —mas não Nevada— exibiram o mesmo padrão que os estados do norte, ou seja, um aumento de cerca de 1 ponto percentual em relação às estimativas anteriores do modelo da Economist.
Se essas pesquisas tivessem entrado na previsão da revista um mês atrás, a probabilidade de vitória de Kamala só teria aumentado modestamente. Mas como o dia da votação já chegou, o modelo reage aos novos dados de forma contundente, em uma tentativa de não perder “tendências tardias” como foi a da ascensão de Trump em novembro de 2016.
Outro fator que favoreceu Kamala no modelo foi um estudo publicado por alunos e professores do Dartmouth College, em New Hampshire. Ele deu à candidata democrata uma surpreendente liderança de 28 pontos percentuais no estado, ofuscando a margem de 5 pontos percentuais que a Economist previu antes.
Uma pesquisa anterior da equipe de Dartmouth indicou uma vantagem de 21 pontos percentuais para Kamala, e o modelo da Economist buscou evitar o aparente viés favorável à candidata deslocando os resultados em 9 pontos em direção a Trump. Mas mesmo isso pode não ser o suficiente para compensar uma amostra tão favorável à democrata.
As chances de New Hampshire decidir a eleição são praticamente nulas. No entanto, a previsão da Economist agrega informações de diferentes estados, o que significa que a pesquisa de Dartmouth também melhora ligeiramente as previsões acerca do desempenho de Kamala em outros estados, inclusive naqueles decisivos.
Modelos como o da revista podem tentar compensar por levantamentos duvidosos, mas, no fim das contas, a qualidade deles depende dos dados nos quais se baseiam.