Pelo segundo dia seguido, o Egito manteve sem atualização a lista com autorizações para a saída de estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade da Faixa de Gaza de seu território para o país árabe nesta segunda (6).
Com isso, o grupo coordenado pelo Itamaraty deverá tem mais um dia de angustiante espera nas cidades de Rafah em Khan Yunis.
Como a Folha mostrou, no domingo (5) as autoridades do Cairo suspenderam a emissão de novas listas e mantiveram os portões do posto de Rafah fechados. O motivo, que não foi alegado oficialmente, foi o ataque de Israel a ambulâncias com feridos rumo ao Egito.
Tel Aviv disse que a ação, na sexta (3), visava veículos com terroristas escondidos. O Hamas, grupo palestino que comanda Gaza e está em guerra com Israel desde que promoveu o mortífero ataque terrorista de 7 de outubro, sustenta que civis foram mortos.
Seja como for, o Egito pausou a operação, que depende de um sistema de autorizações que se sobrepõem: a do Cairo, a de Tel Aviv para evitar fuga de terroristas, e a dupla de Washington e Doha, mediadores do arranjo que começou a ser implementado na quarta passada.
De lá até sábado, cerca de 2.700 pessoas haviam sido autorizadas a sair, mas a inconstância do fluxo de pessoas no posto de Rafah impede uma conta exata de quem de fato deixou Gaza. Ainda não se sabe se, ao longo desta segunda, ao menos as pessoas já autorizadas poderão entrar em algum momento.
Com tudo isso, os 34 integrantes do grupo do Itamaraty seguem esperando, e se queixando dos critérios adotados pelos envolvidos para definir quem sai. Ainda que a maioria até aqui tenha sido do principal aliado dos EUA, Israel, a presença de indonésios nas levas já despachadas dificulta a leitura de favorecimento: o país asiático nem tem relações com o Estado judeu, por exemplo.
O Brasil tem insistido em todos os lados, com conversas do chanceler Mauro Vieira com seus pares nos EUA, Egito, Israel, Autoridade Nacional Palestina, Qatar e até Irã, o mentor do Hamas e de outros grupos anti-Israel da região.
Seja como for, nada disso muda a disposição dos brasileiros e dos palestinos agregados ao grupo do Itamaraty. Eles buscam sair de Gaza há um mês, com a maioria deles sendo levada pelo ministério das suas casas na capital homônima da faixa para refúgio em uma escola católica, e de lá para casas alugadas em Rafah.
Outra metade aproximada do contingente já morava em Khan Yunis, cidade que, a exemplo de Rafah, segue sob o impacto de bombas israelenses em ritmo diário.
As condições para acesso à compra de água e comida são duras, e a comunicação voltou a ser cortada no domingo, segundo a principal operadora de celulares e internet da região.