A pergunta inusitada, uma provocação, foi feita há um mês pela revista The Economist, “E se a China e a Índia se tornassem amigas?”. No subtítulo, “Deixar de lado a disputa de fronteira pode transformar seu relacionamento —e a geopolítica”.
“A perspectiva disso pode não agradar aos americanos e outros que veem a Índia como um contrapeso à China”, avalia. “Mas pode ser o caminho mais realista para um relacionamento sustentável e mutuamente benéfico entre os titãs da Ásia.”
Ao longo do último mês, foi o que Xi Jinping e Narendra Modi procuraram fazer. Seus chanceleres se reuniram na Indonésia e, entre sorrisos, abordaram a disputa de fronteira. Na semana passada, seus militares se encontraram pela 19ª vez para tratar do assunto.
Segundo Times of India e outros, “embora não tenha havido progresso imediato, fontes disseram que as negociações foram ‘melhores do que nas rodadas anteriores’ com ‘algum acordo para seguir em frente'”.
Daí a Bloomberg noticiar, no sábado (19), que “China e Índia devem conversar à margem da cúpula do Brics”. Ecoou pelo canal indiano Wion News e pelo Indian Express, este com o acréscimo de que “fontes em Nova Déli disseram que os dois líderes estarão no mesmo local, e uma reunião não pode ser descartada”.
O jornal arrisca que o encontro bilateral vai abrir “uma janela de oportunidade para resolver o impasse na fronteira antes da visita” de Xi à Índia, para o G20, daqui a três semanas.
DESDOLARIZAÇÃO INDIANA
Em meio à atenção ocidental contra Xi, pela defesa do comércio em moedas locais pelos integrantes do Brics, o site indiano Money Control noticiou que o Brasil “pode ser o próximo da fila”, junto com a África do Sul, “no plano de liquidação cambial bilateral da Índia”.
Modi já tem conversas encaminhadas com dois dos maiores pretendentes ao grupo, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.
EUA & BRICS
O site acadêmico The Conversation apresenta um estudo, desenvolvido na Universidade Tufts, sob o título “À medida que a cooperação do Brics se acelera, é hora de os EUA desenvolverem uma política para o Brics?”. Entre outras conclusões, escrevem os autores:
“O que descobrimos é que o retrato corrente do Brics como grupo dominado pela China perseguindo agendas anti-EUA está fora de lugar. Os países se conectam em torno de interesses comuns de desenvolvimento e da busca por uma ordem mundial multipolar na qual nenhum poder único domine.”
Daí a proposta de que “desenvolver uma política para o Brics pode ajudar a reinventar a política externa americana e garantir que os Estados Unidos estejam bem posicionados em um mundo multipolar”.
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