Misteriosos enxames de pequenos drones ameaçaram o tráfego aéreo em três bases militares usadas pelos Estados Unidos no Reino Unido.
A Força Aérea dos EUA, que opera as bases Lakenheath, Mildenhall e Feltwell, foi econômica nos detalhes do caso, que vinha sendo divulgado por sites especializados em defesa, a começar pelo The War Zone.
Na sexta (22), o site revelou o caso em Lakenheath, que hospeda aviões de ataque e interceptação F-15E Strike Eagle e os únicos caças de quinta geração F-35 baseados fora dos EUA ou de porta-aviões. Na segunda (25), relatou episódios semelhantes em Mildenhall, que abriga aviões especializados em espionagem e modelos de reabastecimento aéreo.
Questionada pela agência Reuters, a Força Aérea disse que “pequenos sistemas aéreos não tripulados foram vistos” nessas duas bases e também em Feltwell, que é comandada pela mesma força que opera Lakenheath, mas tem uma unidade de coleta de inteligência por satélites.
Os episódios, disse a nota, ocorreram do dia 20 até esta terça (26). Já o Ministério da Defesa britânico, que cede as bases em forma de leasing aos americanos, disse que “considera essas ameaças séreas e mantém medidas robustas” para “apoiar a resposta da Força Aérea dos EUA”.
Tal reação, segundo diversos relatos, foi o envio dos F-15 para identificar e, presumivelmente, abater os enxames. A Força Aérea não comentou sobre isso, não menos pela sensibilidade do seu trabalho nas bases.
A crescente tensão com a Rússia em torno do recrudescimento da Guerra da Ucrânia aumenta o grau de paranoia em torno do assunto. Por óbvio, os drones podem ser apenas parte de alguma brincadeira ou trote locais, mas os militares não podem se dar ao luxo de descartar algo mais sério.
Recentemente, houve a polêmica dos balões chineses abatidos sobre os EUA, sob acusação de estarem em missão de espionagem.
Mas o emprego de drones russos contra bases americanas parece algo excessivo, apesar de o presidente Vladimir Putin ter dito que instalações militares de países que dão armas para a Ucrânia atingir o território russo, caso dos EUA e do Reino Unido, seriam alvos legítimos de retaliação.
Seja como for, se eram drones pequenos, quase certamente foram lançados de dentro do território britânico. Qualquer intrusão de longa distância seria percebida pelos radares britânicos ou de outros países também integrantes da aliança Otan à sua volta.
Moscou conhece o problema desses aparelhos menores, de difícil detecção. Na guerra civil da Síria, onde intervieram em favor da ditadura de Bashar al-Assad em 2015, os russos tiveram dificuldade para adaptar seus sistemas antiaéreos contra enxames enviados por rebeldes contrários a Damasco.
Já no conflito ucraniano, os drones cada vez menores e mais letais são um pesadelo principalmente para forças na linha de frente dos dois lados, como a Folha pôde observar no fim de outubro.