Alguns dos principais doadores do Partido Democrata informaram ao maior grupo de ação política pró-Biden, o Future Forward, que aproximadamente US$ 90 milhões prometidos (cerca de R$ 490 milhões) ficarão congelados enquanto o presidente Joe Biden permanecer como candidato, de acordo com duas pessoas com conhecimento do assunto que falaram com o jornal americano The New York Times.
As contribuições em suspenso incluem quantias na casa dos oito dígitos, de acordo com os dois interlocutores, que falaram sob condição de anonimato. A decisão de reter somas tão grandes de dinheiro é uma das consequências mais concretas do desempenho fraco de Biden no debate do final de junho.
O Future Forward não quis a comentar sobre quaisquer conversas com doadores ou montantes de dinheiro supostamente retidos. Um conselheiro disse apenas que o grupo esperava que os contribuintes que haviam pausado as doações retornassem assim que a incerteza atual sobre a candidatura fosse resolvida.
Separadamente, um doador do grupo disse ter sido abordado várias vezes pelo Future Forward desde o debate para uma contribuição. Ele e outros colegas, no entanto, estão aguardando.
As duas pessoas informadas sobre a verba suspensa se recusaram a dizer quais doadores estavam recuando. Tampouco ficou claro quanto do dinheiro prometido estava destinado ao comitê de ação política em comparação com o braço sem fins lucrativos da organização, que também tem veiculado publicidade em estados-chave. O comitê tem evitado tomar grandes decisões até obter clareza sobre quem estará na liderança da chapa, de acordo com uma pessoa próxima ao grupo.
O congelamento de dinheiro ocorre quando alguns assessores ao redor de Biden discutem como persuadir o presidente a sair da corrida e enquanto sua campanha começou a testar em pesquisas eleitorais como a vice-presidente Kamala Harris se sairia contra o ex-Presidente Donald Trump. Além disso, o número de democratas no Congresso pedindo para Biden se afastar cresce a cada dia.
A possível falta de dinheiro do comitê ocorre no momento em que a campanha já se preparava para um período de captação de recursos difícil em julho, à medida que grandes doadores questionam a viabilidade de Biden para vencer em novembro.
Em uma coletiva de imprensa na noite de quinta-feira (11), Biden se manteve firme. “Acredito que sou o mais qualificado para governar”, disse ele. “E acho que sou o mais qualificado para vencer.”
O Future Forward foi escolhido pela campanha de Biden como seu principal comitê de ação política nas fases iniciais da corrida de 2024. A organização já anunciou US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) em reservas de publicidade televisiva e digital programadas para começar no final da Convenção Nacional Democrata, no próximo mês.
Uma pesquisa vazada de um grupo intimamente ligado ao Future Forward após o debate mostrou que o comitê testou a força de possíveis alternativas a Biden, incluindo Kamala, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e o secretário de Transporte, Pete Buttigieg.
A pesquisa mostrou que Biden tinha um índice de favorabilidade em geral pior do que todas as alternativas.
O grupo convocou doadores pouco antes do debate para uma discussão sobre o estado de sua captação de recursos e a corrida, de acordo com duas pessoas que participaram da reunião. Os funcionários do grupo disseram aos doadores que entre o comitê e seu braço sem fins lucrativos, esperavam arrecadar US$ 700 milhões (aproximadamente R$ 3,8 bilhões) ou mais para a eleição e haviam arrecadado US$ 430 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) até aquele momento.