O Partido Trabalhista perdeu as eleições gerais na Nova Zelândia, neste sábado (14), e abriu caminho para a volta da centro-direita ao governo do país. Até o início do ano, a nação da Oceania era liderada por Jacinda Ardern, primeira-ministra que ficou conhecida internacionalmente por discursos e ações progressistas. Ela, porém, entregou o cargo em janeiro para Chris Hipkins, sob argumentos de que não tinha mais energia.
Com 92% das urnas apuradas, o Partido Nacional, de centro-direita, obtinha 39% dos votos. Já o aliado liberal ACT, tinha 9%. Esses números, segundo a Comissão Eleitoral do país, daria aos dois partidos assentos suficientes para formar um governo.
O Nacional conquistou os eleitores prometendo alívio para os neozelandeses de renda média em dificuldades. Para isso, a sigla disse durante a campanha que pretende controlar a inflação (de 6%, em junho) e reduzir a dívida pública do país. “Faremos deste país um país ainda melhor”, disse Christopher Luxon, líder do Partido Nacional, após o anúncio da Comissão Eleitoral.
Um eventual governo de centro-direita, porém, ainda não está totalmente garantido. A maioria formada pelos dois partidos é pequena, e a coligação pode precisar do apoio do populista Nova Zelândia Primeiro para formar um governo.
O Parlamento do país tem 120 assentos, mas o número deve crescer após as eleições deste sábado, devido a um mecanismo proporcional de votos do sistema eleitoral do país.
Além disso, a contagem final dos votos, que inclui votos de neozelandeses que moram fora da ilha e daqueles que não conseguiram ir às zonas eleitorais, só está prevista para 3 de novembro. Historicamente, esses votos provocam ligeiras alterações no resultado, adicionando assentos para a esquerda.
De qualquer forma, espera-se que as negociações de coalizão entre o Nacional e o ACT comecem nos próximos dias.
Por outro lado, as perdas trabalhistas foram significativas, com alguns membros importantes do partido não conseguindo manter seus assentos. A ministra dos Negócios Estrangeiros, Nanaia Mahuta, por exemplo, perdeu seu assento eleitoral e não fará mais parte do Parlamento.
Sob a liderança de Jacinda, o Partido Trabalhista se tornou em 2020 a primeira sigla a obter uma maioria absoluta desde que a Nova Zelândia mudou seu sistema eleitoral, em 1996. Mas nos últimos meses os trabalhistas perderam apoio –muitos neozelandeses ficaram descontentes com o longo confinamento do país devido à Covid-19 e com o aumento do custo de vida.
Não à toa, a popularidade de Jacinda era baixa quando ela renunciou. Sondagem divulgada em dezembro pela Kantar One News Polling apontou que só 29% da população escolheria a então primeira-ministra para ocupar o cargo mais uma vez —dias antes do pleito de outubro de 2020, quando foi reeleita, esse índice era de 55%.