O deputado Steve Scalise, da Louisiana, foi nomeado pela bancada republicana na Câmara para ser o candidato do partido às eleições para presidente da Casa. O resultado é uma derrota para Jim Jordan (Ohio), nome mais radical e próximo de Donald Trump.
A escolha aconteceu em uma votação secreta a portas fechadas na manhã desta quarta-feira (11). Scalise venceu Jordan com uma diferença de 14 votos (113 a 99). Ele é conhecido por ter levado um tiro em 2017 durante um jogo de beisebol entre republicanos. Recentemente ele anunciou ter sido recebido diagnóstico de leucemia.
“Claro que ainda temos muito trabalho a fazer. Teremos que ir ao plenário e resolver isso. Vemos como o mundo é perigoso e como as coisas podem mudar rapidamente. Precisamos mandar uma mensagem de que a Câmara esta aberta e trabalhando. Minha primeira resolução que vou levar a votação vai ser que estamos com Israel”, disse Scalise a jornalistas após a nomeação.
“Também vou ligar para o presidente Joe Biden para falar sobre a crise na fronteira”, afirmou. “Não podemos ter uma fronteira insegura. É hora de termos uma conversa de como proteger nossa fronteira”, enumerou o republicano como uma segunda prioridade.
Embora seja conservador, ele é considerado mais moderado do que Jordan, um dos fundadores da ultraconservadora e autointitulada bancada da liberdade e apoiado por Trump. Scalise era o líder da maioria na Câmara, o que fazia dele o segundo nome mais importante do partido na Casa.
O próximo passo é uma votação em plenário, mas por ora não há previsão de data para que isso aconteça. pelos democratas, o candidato será o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries.
A nomeação de Scalise não significa o fim do caos no Partido Republicano, que derrubou pela primeira vez na história seu próprio líder na semana passada após uma rebelião da ala radical contra o então presidente da Câmara, Kevin McCarthy.
Para ser alçado ao posto, são necessários 217 votos dos 435 membros da Casa. Há 221 republicanos e 212 democratas, o que significa que a oposição de poucos membros do próprio partido pode impedir a vitória de Scalise, e exigir que ele negocie apoio com o grupo adversário.
Mesmo após a votação da bancada, alguns republicanos já declararam que vão seguir apoiando Jordan no plenário.
A eleição de McCarthy, em janeiro, exigiu 15 rodadas de votação, ao longo de quatro dias —um impasse não visto em 164 anos na Casa. Para garantir a vitória, ele teve que ceder a uma série de exigências de republicanos radicais, entre elas, a flexibilização de regras do Legislativo que acabaram facilitando sua remoção na semana passada.
Para analistas, a ascensão conturbada de McCarthy resultou em uma posição bastante frágil como presidente da Câmara. O temor é que isso se repita agora, resultando em novo líder fraco.
O cenário sem precedentes ocorre em um momento em que a Câmara está sob extrema pressão para eleger um novo presidente rapidamente após a eclosão da guerra entre Israel e Hamas. Para que os Estados Unidos possam ampliar a ajuda ao seu principal aliado no Oriente Médio, é necessário o aval do Legislativo.
Enquanto um novo presidente não for eleito, nada pode ser votado pelos deputados.