Crianças que buscam abrigo no sul da Faixa de Gaza invadida por Israel têm acessado de 1,5 litro a 2 litros de água por dia, bem abaixo do mínimo necessário para sobreviver, segundo estimativas do Unicef, o braço da ONU para a infância.
De acordo com a entidade, pessoas precisam de pelo menos 15 litros de água por dia para beber, tomar banho e cozinhar em situações de emergência. O limiar da sobrevivência gira em torno de 3 litros de água por dia.
O deslocamento de centenas de milhares de palestinos das áreas invadidas pelo Exército israelense em direção a Rafah, no extremo sul do território, agravou a escassez de água, comida, remédios e moradia.
Cerca de metade das instalações sanitárias foram destruídas ou danificadas por causa da ofensiva israelense.
Crianças estão mais suscetíveis aos efeitos da desidratação e da falta de higiene. O número mensal de casos de diarreia em crianças com menos de 5 anos aumentou em 20 vezes desde o início da guerra, e há uma proliferação de infecções respiratórias e doenças de pele.
“O acesso a uma quantidade suficiente de água lima é questão de vida ou morte, e as crianças de Gaza praticamente não têm uma gota para beber”, disse a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, em comunicado. “Crianas e suas famílias estão tendo que usar água de fontes altamente salinizadas e poluídas. Sem água segura, muitas crianças vão morrer de privação e doenças nos próximos dias.”
A situação hídrica em Gaza, que vive sob bloqueio israelense e egípcio desde 2007, já era crítica antes mesmo do início da atual guerra entre Tel Aviv e o grupo terrorista palestino Hamas, iniciada após os ataques de 7 de outubro.
Nas últimas semanas, o Exército israelense começou a bombear água do mar para inundar o vasto sistema de túneis construído pelo Hamas na Faixa de Gaza, o que pode levar à contaminação de lençóis freáticos e aquíferos.