Em novo pronunciamento após a tentativa de autogolpe no último dia 3, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, subiu o tom contra a oposição nesta quarta-feira (11) e tentou justificar a decisão de declarar a lei marcial que suspendeu direitos políticos no país antes de ser derrotada no Parlamento.
Na fala, Yoon atacou adversários políticos, afirmou que a lei marcial foi uma medida necessária para proteger a democracia e questionou a integridade das eleições legislativas nas quais perdeu a maioria na Assembleia Nacional.
Para justificar a lei, Yoon disse que “grupos criminosos” que paralisam o trabalho do Estado e desafiam o Estado de Direito devem ser combatidos e impedidos de chegar ao poder “a qualquer preço”. A fala marca uma forte escalada retórica —até aqui, Yoon havia se desculpado em público por declarar a lei marcial e afirmado que deixaria seu futuro político a cargo de seu partido.
O presidente afirmou ainda no discurso que a Comissão Eleitoral Nacional foi hackeada pela Coreia do Norte no ano passado, durante as eleições legislativas. Segundo ele, o órgão eleitoral se recusou a cooperar com uma investigação que inspecionaria o sistema e “protegeria sua integridade”, e que essa recusa o convenceu a decretar lei marcial.
Na eleição em questão, o partido de Yoon, o Partido do Poder do Povo, sofreu uma derrota expressiva e perdeu a maioria na Assembleia Nacional. Ainda assim, para sofrer um impeachment, a oposição precisa do voto de pelo menos oito deputados governistas —o que não ocorreu na primeira tentativa de remover Yoon do cargo, que falhou no último dia 7.
Os comentários do presidente ocorrem horas depois de o líder do partido de Yoon dizer que ele deveria deixar o cargo. Deve haver uma segunda votação de impeachment no Parlamento no próximo sábado (14).
“Lutarei até o fim”, disse Yoon em longo discurso transmitido pela televisão. Ele descartou renunciar à Presidência.
O presidente está sendo investigado criminalmente por suposta insurreição após a lei marcial da semana passada, que provocou a maior crise política na Coreia do Sul em décadas. Na ocasião, os legisladores romperam um cordão policial para entrar no Parlamento e exigir que Yoon rescindisse o decreto.