O líder da oposição na Coreia do Sul, Lee Jae-myung, disse nesta sexta-feira (13) que o país só restabelecerá a ordem com o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol. A declaração mira atingir membros do partido governista um dia antes da votação do segundo pedido de destituição do chefe do Executivo, após sua tentativa de autogolpe ao declarar lei marcial.
A decisão de Yoon de impor restrições às liberdades políticas em 3 de dezembro foi revogada apenas seis horas depois e mergulhou o país em uma crise constitucional, desencadeando pedidos generalizados para que ele renunciasse. Ele sobreviveu a uma primeira tentativa de impeachment há uma semana, quando seu Partido do Poder do Povo (PPP) boicotou a votação. Os partidos de oposição apresentaram outro projeto de impeachment após a manobra dos governistas —será votado neste sábado (14).
Desde então, pelo menos sete membros do PPP declararam sua intenção de apoiar o projeto, aproximando-se dos oito votos necessários do partido para atingir, juntamente com os 192 legisladores da oposição, o patamar mínimo para um impeachment (200 dos 300 assentos do Parlamento)
Yoon prometeu na quinta-feira (12) “lutar até o fim”, acusando o partido da oposição de paralisar o governo. O presidente também afirmou, sem apresentar evidências, que houve uma fraude orquestrada pela Coreia do Norte na comissão eleitoral durante o pleito parlamentar de abril, no qual a oposição teve uma larga vitória.
O líder do opositor Partido Democrático chamou as observações de Yoon de “uma declaração de guerra” contra seu povo. “Isso provou que o impeachment é a maneira mais rápida e eficaz de acabar com a confusão”, disse Lee.
Uma pesquisa da Gallup Korea desta sexta mostrou que dois terços dos membros do partido de Yoon se opõem ao impeachment e três quartos de todos os entrevistados o apoiam.
Lee conclamou os membros do PPP a “se unirem e votarem a favor do impeachment“, dizendo que “a história se lembrará e registrará sua decisão”. Uma votação a favor da deposição de Yoon enviaria o caso ao Tribunal Constitucional, que tem até seis meses para decidir se o destitui do cargo ou o reintegra. Em caso de aval da corte à decisão do Parlamento, a Coreia do Sul teria de realizar novas eleições em até 60 dias.
Yoon citou, como um dos motivos para declarar a lei marcial, a suposta recusa da comissão eleitoral em cooperar totalmente com uma inspeção de seus sistemas —o que, segundo ele, significava que a integridade da eleição parlamentar de abril não poderia ser garantida.
Ainda nesta sexta, o secretário-geral da comissão, Kim Yong-bin, negou a possibilidade de fraude eleitoral. Ele disse que a votação é inteiramente feita por cédulas de papel e que os tribunais rejeitaram todas as 216 acusações de irregularidades.
Yoon está sendo investigado criminalmente por suposta insurreição em relação à declaração da lei marcial. Como parte da apuração em andamento, os promotores prenderam nesta sexta um dos comandantes do Exército e dois policiais por suposto envolvimento na ordem do autogolpe, informou a agência de notícias Yonhap.