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Coreia do Sul: Como música de kpop virou hino de protestos – 16/12/2024 – K-cultura

Uma música de k-pop virou hino dos protestos na Coreia do Sul que culminaram no impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, no sábado (14). Assim que a votação foi concluída, manifestantes que acompanhavam a apuração em frente à Assembleia Nacional celebraram e cantaram em coro “Into the New World”, canção de estreia do grupo Girls’ Generation.

Lançada em 2007, a música fala sobre amor, superar dificuldades e a esperança de um novo mundo. “Não espere por nenhum milagre especial /Nosso caminho difícil à nossa frente /Pode ser um futuro desconhecido e um desafio /Mas não podemos desistir”, diz um trecho, entoado pelas nove integrantes do grupo feminino, um dos mais importantes na história do k-pop.

A canção já havia sido usado em manifestações anteriores no país asiático. A primeira vez foi em 2016, durante protestos que começaram pedindo a saída da reitora da Universidade de Mulheres Ewha e avançaram para o pedido de impeachment da presidente Park Geun Hye. Um vídeo de estudantes cantando a música, de braços entrelaçados, em frente a policiais viralizou na época.

“A música marcou essa cena de violência contra o protesto pacífico. A partir daí, ela começou a ser usada nessas situações e virou símbolo de protesto contra a corrupção e a violência autoritária”, explica Ji Yun Kim, professora doutora dos cursos de língua e literatura coreana do Departamento de Letras Orientais da FFLCH-USP.

“A letra mostra que as meninas, que em geral são mais frágeis dentro da sociedade machista, apesar da tristeza e dores, cantam que vamos superar as dificuldades e avançar.”

O single também apareceu no festival cultural queer de Daegu, em 2018, e em protesto na Universidade de Mulheres Dongduk contra a admissão de alunos homens, no mês passado. “A música tem um espírito de luta e um refrão fácil, que todo mundo pode cantar junto”, diz Kim.

Yuri, uma das integrantes do Girls’ Generation, distribuiu alimentos e aquecedores de mão para seus fãs no protesto. Apesar disso, é raro ídolos de k-pop se posicionarem sobre assuntos políticos.

Além de “Into the New World”, outros elementos do pop sul-coreano marcaram as manifestações recentes, que levaram muitos jovens na faixa dos 20 a 30 anos às ruas. Os lightsticks, bastões de luz coloridos usados nos shows, viraram itens de protesto, estilizado com palavras como impeachment. “O lightstick tem essa ideia de luz no meio da escuridão. Em 2016, a população usou velas”, diz Kim.

A aprovação do impeachment ocorreu 11 dias após a declaração de lei marcial feita por Yoon. Agora, as funções de Chefe de Estado passaram para o primeiro-ministro e a Corte Constitucional tem seis meses para decidir se remove Yoon definitivamente do cargo ou se anula a decisão. Caso seja confirmado, o país deve realizar eleições em até 60 dias.


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Fonte: Folha de São Paulo

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