O jato do líder mercenário Ievguêni Prigojin que caiu nesta quarta-feira (23) é um modelo Legacy 600 da multinacional brasileira Embraer. O chefe do Grupo Wagner morreu após a aeronave, que ia de Moscou a São Petersburgo, cair perto de Tver, e matar todos a bordo.
Utilizado por Prigojin para voar à Belarus depois que o seu grupo protagonizou motim na cidade de Rostov-do-Don, o jato tinha matrícula RA-02785 e estava sob sanção dos Estados Unidos por ser considerado propriedade do líder mercenário pelo país. O modelo teria alcance de 6.290 km de distância (São Paulo a Miami ficam distantes cerca de 6.500 km), e não é mais fabricado.
Em março de 2022, pouco após a invasão russa da Ucrânia, a Embraer comunicou que havia suspendido serviços de peças, manutenção e suporte técnico para clientes alvos de sanções internacionais. Nesta quarta, um porta-voz da empresa afirmou que a companhia obedece as restrições impostas à Rússia.
O Legacy 650E, modelo atualizado, ampliou a autonomia da aeronave bimotor, que pode alcançar cerca de 7.200 km de distância (de São Paulo a Nova York são cerca 7.600 km) e opera a uma altitude máxima de 12.497 metros.
Segundo brochura disponível no site da Embraer, o avião executivo comporta de 13 a 14 passageiros, mais 2 ou 3 integrantes da tripulação.
O modelo 600 fez seu primeiro voo no dia 31 de março de 2001. O jato possui 21 metros de envergadura e 26 metros de comprimento, com velocidade máxima de 870 km/h, e ” alto padrão de conforto, amplo espaço de cabine, tecnologia de ponta e baixo custo operacional”, de acordo com a empresa.
Aliados do líder mercenário acusam o Kremlin pela morte do chefe, e afirmam que o jato foi abatido.
Prigojin é o mais próximo ex-auxiliar do presidente russo a morrer em circunstâncias misteriosas. Conhecido como “chef de Putin”, por ter fornecido serviços de alimentação no Kremlin e ao governo russo, em contratos anuais de US$ 1 bilhão, ele operava o grupo mercenário desde 2014 a serviço do Kremlin.
Na segunda-feira (21), o Grupo Wagner havia divulgado o primeiro vídeo de Prigojin desde o motim deflagrado pela organização no fim de junho, na cidade russa de Rostov-do-Don. Na publicação ele sugeria estar na África, onde o grupo tem operações em países como o Mali e o Níger.