O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, um dos políticos mais influentes do país sul-americano, virou réu nesta terça-feira (9) por suposta manipulação de testemunhas e fraude processual em um caso que investiga sua eventual participação em grupos paramilitares.
Em nota, o Ministério Público afirmou que um promotor havia acusado Uribe por supostamente ser o mandante de um de suborno de testemunhas. O comunicado não detalha quando começaria o julgamento.
O político, que sempre alegou inocência, pode pegar pena de até oito anos de prisão em um processo que ele mesmo iniciou.
O caso começou em 2012, quando, então senador, Uribe apresentou uma denúncia contra o congressista de esquerda Iván Cepeda. O ex-presidente acusava o opositor de um suposto complô, produzido com testemunhas falsas, para associá-lo a grupos paramilitares de extrema direita responsáveis por violações de direitos humanos em uma guerra clandestina contra as guerrilhas colombianas.
A Suprema Corte, no entanto, não só se absteve de julgar Cepeda, como começou a investigar o ex-presidente em 2018. O tribunal suspeitava que Uribe, popular pela política de linha-dura de seu governo para enfraquecer as guerrilhas, havia tentado manipular testemunhas, não seu opositor.
Em agosto de 2020, o tribunal determinou a prisão domiciliar do ex-presidente enquanto avançava em sua investigação. Em seguida, Uribe renunciou ao seu cargo no Senado e seu caso passou para a justiça comum, que suspendeu a ordem de reclusão contra o político e reiniciou todo o processo.
Cepeda disse à emissora de televisão estatal RTVC que recebeu a notícia “com muita serenidade, mas também satisfação”. “É mais de uma década, praticamente 12 anos, de luta diante dos tribunais. (…) Depois de tantas tentativas para encerrar este caso, por fim aparece a voz da justiça”, afirmou ele.