O governo da Colômbia e a guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) decidiram estender por mais seis meses um cessar-fogo nesta terça-feira (6). Inicialmente, a trégua que entrou em vigor no dia 3 de agosto de 2023 terminou na última sexta-feira (3) e, então, foi prorrogada por cinco dias até a decisão desta terça.
Em comunicado conjunto, o governo colombiano e o ELN afirmaram que cada parte dará as respectivas ordens e instruções para o cumprimento da prorrogação. O texto diz que o cessar-fogo pretende melhorar a situação humanitária, bem como proporcionar “condições para que a população civil exerça seus direitos e liberdades, com ênfase nos mais vulneráveis”.
O comunicado também destaca que o cumprimento do cessar-fogo é responsabilidade do Mecanismo de Monitoramento e Verificação (MMV), que inclui o governo colombiano, o ELN, a Conferência Episcopal Colombiana e a Comissão de Controle, Verificação e Inspeção das Nações Unidas (Unmovic).
Carlos Ruiz Massieu, representante especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, e chefe da missão de verificação da ONU, parabenizou a extensão do cessar-fogo. Em seu perfil no X, Massieu escreveu que o acordo é um “sinal da maturidade do processo e do compromisso das partes com a construção da paz”.
Além do cessar-fogo, o governo da Colômbia e o ELN anunciaram a criação de um “fundo da paz”, mas não houve detalhamento de valores. Segundo a chefe da delegação do governo, Vera Grabe, o fundo tem como objetivo fortalecer o processo de paz.
O chefe das negociações por parte do ELN, Pablo Beltran, alertou que o fundo deve ser gerenciado com “transparência” para evitar corrupção. No passado, negociações do ELN fracassaram devido à cadeia de comando difusa da guerrilha.
O governo do presidente Gustavo Petro reiniciou as negociações de paz com o ELN em 2022 como parte de uma política de paz para encerrar o conflito de seis décadas do país sul-americano, no qual mais de 450 mil pessoas foram mortas.
Até agora, o governo de Petro realizou seis rodadas de negociações de paz com o ELN, um processo apoiado por México, Noruega, Venezuela, Cuba, Brasil e Chile, que estão participando como países fiadores.
Segundo a agência de notícias Reuters, a Colômbia também negocia com o Estado-maior Central (EMC), um grupo dissidente ligado às dissolvidas Farc. Os diálogos com outros grupos, como o Clan del Golfo, ainda não avançaram.
Criado nos anos 1960 e de ideias marxistas, o ELN autou com sequestros, extorsões e participação no narcotráfico. O fim das Farc, por meio de um acordo com o Estado, fez emergir novas oportunidades, o que facilitou a entrada do grupo em território venezuelano, onde hoje há quartéis e acampamentos de treinamento.