- Retirar os órgãos do corpo, preservá-los e colocá-los em recipientes. O cérebro era retirado por último, em pedaços, e de forma cautelosa, para não desfigurar o rosto;
- Usar uma composto de sais de sódio (o natron) para secar o corpo, evitando umidade que possa levar à decomposição mais acelerada;
- O uso de centenas de metros de linho para recobrir o cadáver. Amuletos eram colocados entre camadas, e trechos da fita recebiam escritos mágicos.
O que a equipe do Field Museum descobriu é que nem sempre os órgãos eram sepultados fora do corpo do falecido. Alguns embalsamadores, pelo contrário, optavam por devolvê-los ao cadáver, empacotados, antes do enfaixamento.
Por que não deixá-los onde estavam para início de conversa? Isso se deve aos egípcios terem, entre seu panteão de deuses, aqueles que são responsáveis por cada parte do corpo após a morte. Imsety, por exemplo, protegia o fígado, Hapy, o pulmão e Duamutef, o estômago.
Na prática mais comum, de deixar os órgãos separados, cada um terminava em um jarro decorado com motivos de sua respectiva divindade protetora. No caso das múmias analisadas que foram sepultadas com os órgãos, cada pacote tinha uma figura de cera representando cada um dos deuses responsáveis.
Uma das múmias, nomeada Chenet-aa e datada de 3 mil anos atrás, foi por algum motivo enterrada sem seus olhos, e sepultada com um par substituto. Chenet-aa morreu em algum ponto entre seus 30 e 40 anos. Desgastes nos esmaltes de seus dentes sugerem aos estudiosos que ela tinha problema em sua dieta diária com os ocasionais grãos de areia na comida.
Por outro, os restos mortais do indivíduo conhecido como Harwa (vale dizer, a primeira múmia a pegar um voo, em 1939) sugerem um estilo de vida abastado. A tomografia encontrou dentição em ótimo estado e nenhum sinal de lesões ósseas decorrentes de trabalho braçal frequente.
“Do ponto de vista arqueológico, é incrivelmente raro poder investigar ou ver a história da perspectiva de um único indivíduo”, diz Stacy Drake, gerente da coleção de restos mortais humanos do Field Museum, em nota à imprensa. “Esta é uma ótima maneira de vermos quem eram essas pessoas – não apenas as coisas que fizeram e as histórias que inventamos sobre elas, mas os indivíduos reais que estavam vivos naquela época.”