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China suspende conversas sobre armas nucleares com EUA – 18/07/2024 – Mundo

A China interrompeu conversas que mantinha com os Estados Unidos sobre controle de armas nucleares em protesto pela venda de armas de Washington para a ilha de Taiwan. O anúncio foi feito pelos chineses na quarta-feira (17).

A decisão de Pequim, que considera China continental e Taiwan duas partes de uma só China, representa um sério revés para os esforços globais de controle de armas. Para especialistas, chineses se juntam aos russos ao se recusar a discutir com Washington medidas para conter uma corrida armamentista nuclear.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirma que as repetidas vendas de armas dos EUA para Taiwan nos últimos meses “comprometeram seriamente” o ambiente político para as conversas.

“O lado chinês decidiu adiar a discussão com os americanos sobre uma nova rodada de consultas sobre controle de armas e não proliferação [de armas nucleares]. A responsabilidade recai totalmente sobre os EUA,” afirmou Lin em uma entrevista coletiva em Pequim.

Lin disse que a China de Xi Jinping está disposta a manter a comunicação sobre controle internacional de armas, mas que os EUA “devem respeitar os interesses centrais da China e criar condições necessárias para o diálogo e a troca.”

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que a China optou por seguir o exemplo da Rússia ao afirmar que o engajamento em controle de armas não pode prosseguir enquanto houver outros desafios na relação bilateral.

“Achamos que essa abordagem mina a estabilidade estratégica e aumenta o risco de dinâmicas de corrida armamentista,” afirmou Miller a jornalistas. “Infelizmente, ao suspender essas consultas, a China optou por não buscar esforços que gerenciariam riscos estratégicos e evitariam corridas armamentistas custosas, mas nós, os EUA, permaneceremos abertos ao desenvolvimento e à implementação de medidas concretas de redução de riscos com a China.”

A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, defende uma “política de compartimentalização”, na qual as negociações de controle de armas nucleares são segregadas de outras questões entre China e EUA.

A decisão chinesa foi anunciada pouco mais de um mês depois de o governo Biden ameaçar implantar mais armas nucleares estratégicas para dissuadir coações dos arsenais chineses e russos.

Daryl Kimball, diretor executivo do grupo de defesa da Associação de Controle de Armas, disse que EUA, Rússia e China são legalmente obrigados, como signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear, a “engajar-se em conversas para prevenir a corrida armamentista.”

“A única maneira de conseguirem isso é por meio de um diálogo sério, e a recusa do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em fazê-lo, e a decisão da China são reveses muito sérios,” disse ele.

As discussões sobre armas nucleares entre EUA e China haviam sido retomadas em novembro, mas negociações formais não estavam no horizonte próximo. Os americanos acreditam que a China possui 500 ogivas nucleares ativas e que esse número provavelmente ultrapassará mil até 2030.

Funcionários da administração Biden têm manifestado frustração pela falta de interesse de Pequim em discutir medidas para diminuir os riscos associados a esses armamentos. A China, por sua vez, afirma que os americanos já possuem um arsenal significativamente maior há muito tempo.

Os EUA possuem aproximadamente 3.700 ogivas nucleares, com cerca de 1.419 delas sendo estratégicas e ativas. Já a Rússia mantém em torno de 1.550 armas nucleares operacionais e, conforme a Federação de Cientistas Americanos, tem um total de 4.489 ogivas em seu arsenal.

Em junho, os americanos aprovaram duas vendas de equipamentos militares a Taiwan no valor de cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,64 bilhão) ao todo. Os EUA são o mais importante apoiador internacional e fornecedor de armas aos taiwaneses, mesmo na ausência de laços diplomáticos formais, e a China tem exigido repetidamente que essas vendas de armas cessem.

Taiwan tem protestado nos últimos quatro anos sobre a intensificação da atividade militar chinesa perto da ilha, incluindo missões quase diárias de aviões de guerra e navios de guerra chineses.

Fonte: Folha de São Paulo

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