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China pede a líderes asiáticos que evitem nova Guerra Fria – 06/09/2023 – Mundo

Em encontro com líderes da Ásia, o premiê da China, Li Qiang, disse nesta quarta-feira (6) que os países da região devem “lidar com as diferenças” e “evitar uma nova Guerra Fria“. A declaração na cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) soa como uma resposta a acusações de que Pequim vem adotando uma postura expansionista.

“É muito importante se opor à tomada de partido, ao confronto de blocos e a uma nova Guerra Fria”, disse Li no segundo dia do evento em Jacarta, na Indonésia. “Divergências e disputas podem surgir entre países devido a percepções erradas, interesses divergentes ou interferências externas”, acrescentou.

O premiê chinês também defendeu o fortalecimento de laços regionais, numa aparente tentativa de conter a crise diplomática com países vizinhos que escalou na semana passada. A China vem sendo alvo de protestos após divulgar, no último dia 28, uma nova versão de seu mapa com traçado mais amplo das fronteiras nacionais, em conflito com as reivindicações territoriais de diversos países da Asean.

O mapa é objeto de discussão na cúpula. O governo filipino, apoiado militarmente pelos EUA e em antagonismo crescente com a China, adiantou que irá propor um comunicado conjunto contra Pequim.

No documento, Pequim incorpora regiões contestadas, incluindo o mar do Sul da China, área pelo qual transitam trilhões de dólares em mercadorias e cuja soberania é disputada por vários países. As nações vizinhas alegam que o regime chinês não respeita o entendimento de um tribunal em Haia, segundo o qual a China não tem base legal para reivindicar “direitos históricos” sobre a maior parte território.

Ao longo da cúpula, os líderes da Asean também vem buscando reafirmar a independência do bloco em reação à influência crescente da China, que nos últimos anos passou a ter maior assertividade sob a administração do líder Xi Jinping. O presidente da Indonésia, Joko Widodo, por exemplo, deu início ao evento defendendo que os países da região se mantenham unidos e “capitães do próprio navio”.

Além do presidente indonésio e do representante chinês, discursaram na cúpula ao menos outros outros oito chefes de Estado e de governo asiáticos, de Brunei, Camboja, Filipinas, Laos, Malásia, Singapura e Vietnã, além do Timor Leste, que está em processo de incorporação ao bloco.

Os Estados Unidos são representados pela vice-presidente Kamala Harris. Segundo um funcionário da Casa Branca disse à agência Reuters, ela iria defender a “ordem internacional, inclusive no mar do Sul da China, diante das reivindicações marítimas ilegais e ações provocativas da China”.

Pequim é o principal rival de Washington na chamada Guerra Fria 2.0, e que já causou atritos diversos com os EUA: guerra comercial e tarifária, disputa sobre a autonomia de Hong Kong, provocações nas rotas marinhas que Pequim considera suas e a ameaça da China de tomar Taiwan.

Em junho, o ministro da Defesa da China, Li Shangfu, manifestou preocupação contra a criação de organizações como a Otan, a aliança militar ocidental, na região Ásia-Pacífico e pediu uma “cooperação inclusiva, em vez de pequenas camarilhas”.

As reuniões desta quarta precedem a organização, nesta quinta (7), da cúpula do Leste Asiático, que tem 18 países membros e contará com a participação do ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. O encontro deve abordar temas geopolíticos mais amplos. A China é a principal aliada da Rússia, em guerra com a Ucrânia há 18 meses.

Numa demonstração do interesse crescente do EUA na região, Harris anunciou a criação de um primeiro centro EUA-Asean em Washington. Detalhes ou data do evento, porém, não foram informados.

Outro assunto discutido na cúpula da Asean foi a postura bélica da Coreia do Norte. O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, disse que qualquer cooperação militar com o regime ao norte deve ser coibida —segundo o governo dos EUA, a Rùssia negocia a venda de armas para Pyongyang

“Qualquer tentativa de forjar uma cooperação militar com a Coreia do Norte, que atua para minar a paz na comunidade internacional, deve ser contida imediatamente”, afirmou Yoon, segundo a agência Yonhap.

Fonte: Folha de São Paulo

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