A Golden Week está começando na China, com estações de trem, aeroportos e estradas lotados desde a sexta-feira (29). É um dos três feriados prolongados com o mesmo nome no país, sendo os outros no início do ano e em maio.
O principal meio de transporte é o trem, com a estatal Ferrovia Chinesa projetando 190 milhões de viagens, contra 139 milhões da última Golden Week de fim de ano antes da pandemia. O ministério chinês dos Transportes espera também um recorde de tráfico rodoviário, com 66 milhões de viagens.
A agência de aviação civil projetou 21 milhões de passageiros, entre voos domésticos e internacionais, estes estimulados por ações recentes como a liberação de grupos turísticos, por Pequim, e o fim da exigência de visto para chineses na Tailândia. Fora Bancoc, o principal destino no exterior é Seul, na Coreia do Sul.
Entre as preferências internas está Hangzhou, onde acontecem os Jogos Asiáticos, que vão até o dia 8. Para Pequim, a capital, a projeção é de 13 milhões de visitantes ao longo da semana, 22% a mais que em 2019. E cresceu dez vezes a procura por Urumqi, em Xinjiang, segundo a agência de turismo Tongcheng.
Para a histórica Chengdu, no centro do país, são esperados 25 milhões. A corrida por passagens aéreas disparou os preços, segundo a Bloomberg: bilhetes de Pequim para Chengdu saíram de 680 yuans (R$ 470) em 22 de setembro para 1.800 yuans (R$ 1.240) no dia 29. De Pequim para Sidney, na Austrália, o valor dobrou.
A Folha ouviu quatro chineses sobre os planos para a Golden Week. Cathy, nome ocidental de uma delas, falou que não viajaria, preferindo ficar em casa, em Changzhou. Eddie Wu, por outro lado, já estava na terça-feira (26) em Taizhou, cidade com praia e montanha.
Foi de trem. “Nós tentamos evitar a multidão”, diz ele, que é consultor de negócios. “Muita gente viaja, lotando destinos turísticos, trens e as rodovias, então a empresa fez isso: nós pudemos sair do trabalho alguns dias antes de todo mundo, para voltar também um pouco mais cedo.”
Lilly não teve problemas para viabilizar sua viagem com a família. “Nós vamos para Nanjing, visitar meus pais e fazer alguns passeios turísticos por lá”, diz ela, que é gerente de recursos humanos numa empresa de comércio internacional. “Como há muitos trens entre Xangai e Nanjing, foi fácil comprar.”
Ela conta, porém, que a situação não é tão fácil para todos. “Ouvi de uma colega minha no trabalho que ela também gostaria de visitar os pais, em uma cidade mais para o norte, na província de Jiangsu, mas as passagens estavam difíceis de encontrar.”
Sam Chen, do departamento de compras da mesma empresa de Lilly, afirmou que iria “embarcar em uma viagem de lazer autônoma, optando por dirigir em vez de depender de transporte público”. Lembrou que este é o segundo feriado mais disputado na China, depois daquele no início no ano.
“Não é a primeira vez, eu tenho feito pequenas viagens de carro desde o ano passado”, diz. “Do ponto de vista do estilo de vida, acredito que a China tenha recuperado o nível pré-pandemia. Os cinemas e restaurantes estão lotados com clientes.”
Esta Golden Week é vista como um teste para a volta à vida normal. “Qualquer um na sociedade chinesa sente que a expectativa formou uma febre”, afirmou editorial do Huanqiu/Global Times, ligado ao Partido Comunista, avaliando que “as cenas movimentadas ajudarão a aumentar a confiança na economia”.
Para Wu, a mudança já aconteceu. “Também viajei no ano passado para a Golden Week, antes do fim oficial [das restrições]. E este ano eu acho que está tudo como era antes da pandemia. Não consigo perceber diferença, minha experiência é de que tudo voltou ao normal”.
Lilly vem viajando regularmente desde março, a trabalho, e tem a mesma avaliação sobre o panorama no país. “Sinto que tudo voltou ao normal”, diz.