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China e EUA travam guerra tecnológica com impactos globais – 06/12/2024 – Igor Patrick

Joe Biden deixará a Casa Branca no mês que vem, mas sua equipe tem se certificado de colocar em andamento algumas das restrições mais duras contra a China antes de sair. E isso incluiu nesta semana a famigerada indústria de semicondutores.

Washington vem em um crescente de hostilidade neste setor desde outubro de 2022, quando em uma canetada Biden quase matou a indústria chinesa. Avançar na pesquisa e desenvolvimento de chips é um processo caro e complicadíssimo —e o objetivo era torná-lo próximo do impossível para os chineses.

Ainda naquele ano, os Estados Unidos proibiram a exportação de chips avançados de cinco ou menos nanômetros para a China. A unidade mede a distância entre os transistores de um processador, componente que regula o fluxo de energia em chips avançados. Quanto menos nanômetros, mais rápido e energeticamente eficiente um chip é. Em 2022, os chineses ainda estavam na casa dos sete, o que na prática significam alguns anos de atraso.

Não parou aí. Biden impediu que americanos trabalhassem ou mesmo prestassem consultoria a empresas chinesas do setor. Para pessoas jurídicas, seria necessário uma licença especial do governo americano, e quem desrespeitasse a regra arriscava ser multado ou forçado a encerrar atividades.

Para uns, a medida só serviria para impulsionar o desenvolvimento da tecnologia em solo chinês (o que de fato aconteceu, embora em uma escala muito menor do que quer fazer crer a propaganda oficial). Mas em uma indústria sensível, na qual nem mesmo os próprios americanos são hegemônicos, isso não é algo que acontece do dia para a noite.

A China então vinha driblando os controles de exportação por meio de brechas no texto. O país recebia chips americanos por meio de terceiros e trabalhava com gigantes como a Nvidia para desenvolver GPUs (processadores usados em inteligência artificial e outras aplicações avançadas) que chegassem ao limite do que era permitido pela lei. Desde o último domingo (1º), porém, a manobra já não é mais possível.

Com um pacote atualizado de restrições, o Departamento de Comércio agora vai demandar que qualquer indivíduo ou empresa utilizando propriedade intelectual americana seja forçado a pedir autorização antes de colaborar com a indústria de chips da China. A justificativa é impedir que tecnologia americana seja usada para desenvolvimento armamentista chinês, embora admitam que as restrições trarão impacto significativo para civis.

Pequim respondeu acionando uma medida nuclear: impôs restrições de importação de gálio, germânio, grafeno e antimônio, minerais críticos e raros, essenciais para a fabricação de circuitos integrados, conversores e geradores de energia, fabricação de baterias, lentes, painéis solares, LEDs e dezenas de outras aplicações civis e militares. A motivação é a mesma: dizem não querer ver suas commodities usadas para fabricação de armas nos EUA.

Chegamos agora a uma era de impasse. Se nenhum dos dois lados arredar o pé, os americanos controlarão a tecnologia, enquanto os chineses detêm a supremacia na cadeia de suprimentos. É um jogo de soma-zero que deve impactar a inovação e a tecnologia como um todo.

O fantástico avanço da computação, sua miniaturização e agora a vanguarda da inteligência artificial só foram possíveis, em larga medida, graças a uma cooperação científica sino-americana que virtualmente terminou sob a era Biden. Torçamos para que a despeito de todos os indicativos contra, seja Donald Trump a sentar-se à mesa e desescalar tal crise.


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Fonte: Folha de São Paulo

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