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Estados Unidos e China assinaram um novo pacto de cinco anos para cooperação científica, renovando uma parceria originalmente estabelecida em 1979.
O acordo estabelece salvaguardas para pesquisadores e também dita as regras para colaboração entre instituições acadêmicas dos dois lados.
O texto anunciado desta vez é bem mais restrito e limita o pacto às “pesquisas básicas em áreas de benefício mútuo”, como dados meteorológicos, qualidade do ar, oceanografia e detecção de terremotos, por exemplo.
O Departamento de Estado dos EUA informou que o acordo não vai facilitar “o desenvolvimento de tecnologias críticas e emergentes” como inteligência artificial e semicondutores.
A China, que nos últimos meses vinha fazendo lobby em Washington para a continuidade da parceria, não comentou a novidade.
Durante décadas, este acordo permitiu avanços consideráveis nas mais diversas áreas como pesquisas de vacina, física e meio ambiente. Porém, enfrentava consideráveis desafios desde que Joe Biden assumiu a Casa Branca.
Por que importa: ao contrário de Donald Trump, que renovou o pacto em 2018 também por cinco anos, o democrata vinha ordenando extensões curtas, trazendo insegurança para projetos conjuntos. Porém, os republicanos fieis ao presidente eleito protestaram após o anúncio, o que mostra que a China não deve ter vida fácil no Congresso a partir do ano que vem.
pare para ver
Tela de Zhao Li, que mistura pop art com técnicas da pintura chinesa tradicional como a aquarela. Com milhões de seguidores nas redes sociais chinesas, Zhao compartilha mais trabalhos no Instagram que você pode acessar aqui.
o que também importa
★ A China executou ontem o ex-funcionário da Região Autônoma da Mongólia Interior condenado por corrupção no maior escândalo do tipo no país. Li Jianping foi acusado de ter recebido mais de US$ 421 milhões em propinas ao longo de uma longeva carreira à frente da província. Ele teve a pena de morte decretada em 2022 e confirmada em 2024 após recurso. A pena capital é mais um capítulo de uma ampla campanha anticorrupção comandada por Xi Jinping desde 2012.
★ O governo dos EUA está investigando se um chinês de 39 anos com residência permanente no país cometeu crimes após sobrevoar uma base militar na Califórnia com um drone. Yinpiao Zhou foi preso em 9 de dezembro, antes de embarcar para a China, e acusado de violar o espaço aéreo e não registrar a aeronave. O FBI quer saber se ele estava coletando informações militares restritas para Pequim e já descobriu que ele fez pesquisas sobre como modificar o equipamento para voos em altitudes maiores.
★ As Filipinas ratificaram um pacto de defesa com o Japão que permite o envio de tropas entre os dois países. O tratado é uma resposta às tensões com a China no mar do Sul da China e vai melhorar a interoperabilidade entre as forças. Assinado em julho, o texto agora precisa ser ratificado pelo parlamento japonês antes de entrar em vigor.
fique de olho
A China anunciou que vai ampliar sua política de trânsito sem visto, permitindo que viajantes estrangeiros de vários locais permaneçam no país por até 10 dias.
- A medida vai beneficiar o Brasil, além de Canadá, Reino Unido, Estados Unidos e outros 50 países atualmente excluídos do esquema que permite o turismo por lazer e negócios sem visto.
Para se beneficiar, o viajante precisa mostrar que tem passagem para um outro destino depois da China. Viagens de ida e volta não se qualificam para o benefício e a autorização só é válida para algumas poucas províncias.
Por que importa: este é mais um passo do governo chinês para ampliar o turismo no país, que já esteve entre os mais visitados do mundo e caiu várias posições no ranking após as restrições de entrada durante a pandemia.
Até agora, as medidas parecem estar surtindo efeito. Segundo o South China Morning Post, 29,2 milhões de estrangeiros entraram no país entre janeiro e novembro, um aumento de 86,2% em relação ao mesmo período em 2023.
para ir a fundo
- A Observa China lança no sábado (21) a revista Sinóptica, que trará análises da comunidade lusófona sobre o relacionamento com os chineses. O evento de lançamento será virtual e os interessados podem saber mais sobre aqui. (gratuito, em português)
- A Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo vai ministrar no fim deste mês um minicurso sobre geopolítica chinesa. Comandado pelo pesquisador Alexandre Coelho, o treinamento vai analisar o engajamento de Pequim com várias regiões do globo. Mais informações aqui. (pago, em português)