Internado há 10 dias após ser baleado por um sargento da Polícia Militar (PM), o jovem Victor Livino dos Santos, de 21 anos, não resistiu às complicações causadas pelos ferimentos e morreu, na noite desta quinta-feira (12), no Hospital Geral do Estado (HGE), no Trapiche da Barra. Victor Livino tinha dado entrada no HGE na noite de 03 de setembro, quando foi baleado num posto de combustíveis situado na Rua Coronel Paranhos, no Jacintinho. Ele teria sido atingido ao tentar ajudar a recuperar a moto de um amigo, o Winderlan Douglas Oliveira Felix, de 29 anos, que foi assassinado horas depois de casar.
Victor era comerciante e trabalhava com a mãe vendendo lanches em um pequeno comércio no bairro Santa Lúcia. O jovem deixa esposa e uma filha pequena. “A esposa está arrasada, a mãe está desolada, todos ainda estão desacreditando que isso aconteceu de verdade. Ele era um trabalhador e as pessoas o conheciam como um menino bom”, disse uma amiga que pediu para não ser identificada.
Procurado pelo TNH1, o delegado Arthur César, que conduz a investigação, informou que, com a morte do jovem, a tipificação do crime que o militar está sendo investigado passa a ser diferente. “Não muda nada na investigação, além da tipificação para o crime consumado [de tentativa de homicídio para homicídio, de fato]”.
O delegado também acrescentou que “todas as pessoas que importavam e foram identificadas” já foram ouvidas na investigação e que “tudo indica que houve um erro de tipo permissivo por parte do PM”. “É uma falsa percepção sobre uma situação de fato, que isenta de pena o agente que a comete essa situação. Se a situação se confirmasse, tornaria a ação legítima e o erro seria plenamente justificado pelas circunstâncias. No caso em apuração, o PM achou que estava agindo em legítima defesa, própria ou de terceiro”, explicou o delegado Arthur César.
O policial militar que atirou em Victor Livino mora próximo ao posto de combustíveis onde Winderlan foi baleado e se apresentou à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento, no último dia 09. No mesmo dia, o advogado Farid Jorge, que representa o sargento e acompanhou na delegacia, disse em entrevista à TV Pajuçara/ Record que o militar agiu em legítima defesa.
“Ele foi avisado por populares que a pessoa que acabara de cometer um crime estava voltando para terminar a situação, foi quando meu cliente se abrigou atrás de um poste e esperou a situação ocorrer. Quando dois cidadãos surgiram em uma moto, ele deu voz de prisão e se identificou como policial. Um cidadão obedeceu e outro não. Infelizmente o outro, em uma situação abrupta, colocou a mão na cintura, foi quando ele então disparou contra essa pessoa, agindo em total legítima defesa”, afirma o advogado.