Dezenas de pessoas morreram durante a peregrinação deste ano a Meca, na Arábia Saudita, devido às temperaturas acima de 45ºC que a região tem registrado nos últimos dias, de acordo com relatos da imprensa e de órgãos oficiais na Europa, no Oriente Médio e na África.
Na terça-feira (18), quando os termômetros voltaram a superar os 45°C na cidade sagrada, autoridades sauditas pediram que os peregrinos se mantivessem hidratados, minimizassem atividades ao ar livre e levassem guarda-sóis para bloquear a luz solar direta.
Embora a Arábia Saudita, uma monarquia absolutista, não tenha confirmado oficialmente nenhuma morte, notícias de diversos países de origem dos fiéis que foram ao evento religioso, chamado de Hajj, dão conta de que o calor matou dezenas.
No domingo (16), a agência de notícias oficial da Jordânia informou que 14 cidadãos do país que faziam a romaria morreram devido à exposição ao sol. Já nesta quarta (19), a mesma agência disse que licenças de sepultamento foram emitidas para 41 jordanianos em Meca, mas não forneceu detalhes sobre as causas das mortes.
O Ministério das Relações Exteriores da Tunísia, por sua vez, disse que pelo menos 35 tunisianos morreram, conforme relatado pela Tunis Afrique Presse na terça, citando o “aumento acentuado nas temperaturas” e o “sol escaldante” na região.
A Tass, agência de notícias estatal da Rússia, relatou a morte de quatro russos por “causas naturais relacionadas a saúde e idade”. Três peregrinos do Senegal também morreram, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do país, sem citar as causas dos óbitos.
Por fim, o Ministério das Relações Exteriores do Egito disse que sua equipe consular na Arábia Saudita estava trabalhando “24 horas por dia” para ajudar a facilitar os enterros e as buscas por peregrinos egípcios desaparecidos, sem fornecer um número.
Os ministérios sauditas não responderam imediatamente às perguntas sobre os relatos. Na terça, autoridades locais classificaram a temporada do hajj deste ano como um sucesso. A mídia estatal relatou que o ministro da Saúde, Fahd al-Jalajel, expressou “particular satisfação com o fato de não ter havido surtos ou outras ameaças à saúde pública, apesar do número significativo de peregrinos e dos desafios impostos pelas altas temperaturas”.
As autoridades também citaram “sistemas avançados de resfriamento” e “disponibilidade consistente” de água para os peregrinos como garantia de um “hajj tranquilo e seguro para todos”.
Muçulmanos viajam de lugares do mundo inteiro para Meca todos os anos para realizar a peregrinação de cinco dias, que termina nesta quarta. O evento é um dos cinco pilares do Islã, e todos os muçulmanos que tenham capacidade financeira e física devem realizar o ritual pelo menos uma vez em suas vidas.
Mais de 1,8 milhão de pessoas fizeram a peregrinação este ano, de acordo com a Autoridade Geral de Estatísticas da Arábia Saudita. Desses, 1,6 milhão veio do exterior.
A primeira peregrinação que se tem registro ocorreu no ano de 632 e, ao longo dos séculos, tornou-se um dos maiores encontros muçulmanos do mundo. O evento já foi assolado por uma série de calamidades, incluindo incêndios e surtos de doenças. Em 2006, por exemplo, um tumulto em uma ponte matou mais de 300 pessoas; outro, em 2015, matou mais de 2.200.
Nos últimos anos, muitos peregrinos, que frequentemente são idosos, também têm sofrido estresse térmico, e dezenas morrem devido ao calor.