O Brasil assumiu nesta sexta-feira (1º), pela primeira vez, a presidência temporária do G20, o grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. Com mandato de um ano, o governo brasileiro deve propor reformas das instituições internacionais.
Brasília vai organizar mais de cem reuniões de grupos de trabalho, nos formatos presencial e virtual, e cerca de 20 reuniões ministeriais. O principal evento será a 19ª Cúpula de chefes de Estado, nos dias 18 e 19 de novembro do ano que vem, que será realizada no Rio de Janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na quinta (30) que a presidência brasileira do G20 vai focar três discussões principais, sendo uma delas a possibilidade de reforma do sistema de governança global. “Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional”, disse ele, segundo o site da Agência Gov.
Brasília tenta angariar apoio às reformas nas instituições. Em agosto, por exemplo, logrou que Pequim aceitasse incluir em uma declaração do Brics a demanda de expansão do Conselho de Segurança da ONU, que atualmente tem cinco países permanentes e com poder de veto. A demanda sempre foi alçada a prioridade pelos governos Lula, desde os dois primeiros mandatos.
Outros temas que receberão atenção durante o mandato brasileiro são a desigualdade, em particular da dívida dos países mais pobres do mundo, e a transição energética.
Os primeiros eventos do G20 durante a presidência do Brasil vão acontecer já neste mês, em Brasília, no Palácio do Itamaraty. Nos dias 11 e 12, vão se reunir os integrantes do chamado grupo Sherpa, que são os representantes pessoais dos próprios chefes de Estado ou de governo dos países membros.
No caso do Brasil, o representante será o embaixador Maurício Lyrio, que é secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.
No dia 13, acontecerá um encontro do presidente Lula com os representantes das duas trilhas (tanto a Sherpa como do núcleo financeiro). Os dois dias subsequentes serão destinados para o encontro dos núcleos financeiros do G20. A representante brasileira é a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.
O presidente Lula disse ainda que o combate à desigualdade, à fome e à pobreza será uma das prioridades da presidência brasileira do G20. “Não é mais humanamente explicável [em] um mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, ter gente passando fome”, afirmou.
Na Presidência do G20, o Brasil vai propor um esforço conjunto para alavancar uma aliança global contra a fome e promete usar suas “credenciais” para oferecer propostas concretas em busca de uma solução para o mundo.
A principal proposta é que as economias avançadas perdoem os débitos dos países mais pobres em troca de investimentos e de alocação de recursos para lidar com questões climáticas e de insegurança alimentar, por exemplo.
O G20 foi fundado em 1999 após uma crise financeira na Ásia como um fórum para os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais discutirem questões econômicas e financeiras globais.
A partir de 2008, diante de uma maior percepção sobre a importância dos países emergentes na economia global, as reuniões passaram a contar com a presença de chefes de Estados. Mais amplo, o fórum englobou outros temas além da economia, entre os quais ambiente, energia e segurança.
Os membros do G20 se reúnem anualmente para discutir iniciativas políticas. Outros países podem ser convidados para as cúpulas. O grupo se define como o principal fórum de cooperação econômica internacional, com “papel importante na formação e no fortalecimento da arquitetura e da governança global em todas as principais questões econômicas internacionais”.
O mandato brasileiro na presidência do G20 vai até o dia 30 de novembro do próximo ano.