O ex-presidente da Bolívia Evo Morales disse, nesta terça-feira (17), ser “vítima de uma brutal guerra jurídica” orquestrada pelo atual mandatário, Luis Arce, seu ex-aliado, após o Ministério Público do país pedir sua prisão pelo escândalo do suposto abuso de uma menor enquanto estava no poder. Ele nega e fala em motivação política.
“Denuncio ao mundo que sou vítima de uma brutal guerra jurídica (lawfare) executada pelo governo de Luis Arce que se comprometeu a me entregar como troféu de guerra aos EUA”, escreveu Evo em sua página da rede social X.
O ex-presidente boliviano disse ainda que, assim como outros líderes de esquerda da América Latina, foi alvo de crimes supostamente inventados contra ele. Evo afirma que esses processos não respeitam princípios constitucionais essenciais, como a presunção de inocência.
A acusação veio à tona em outubro, quando o governo Arce confirmou a existência da investigação contra Evo. De acordo com o Ministério Público, a investigação contra o ex-presidente apura os crimes de “estupro, exploração e tráfico de pessoas”. A defesa de Evo afirma que o caso já foi analisado e arquivado pela Justiça em 2020.
A promotora Sandra Gutiérrez diz que fez o pedido contra Evo depois de ter chegado a um acordo com os pais da adolescente que teria tido uma filha com o ex-presidente em decorrência do abuso. Nos próximos dias um juiz deve marcar uma audiência sobre medidas cautelares e pode decretar a prisão.
O ministro da Justiça, César Siles, diz que a adolescente tinha cerca de 15 anos na época do crime. “Observamos com indignação crimes graves que pretendem ficar na impunidade. Refiro-me concretamente a uma menina estuprada aos 15, 16 anos”, afirmou ele em outubro.
A promotora Gutiérrez já havia solicitado a prisão em setembro, mas o pedido foi derrubado por um juiz. Removida e depois restituída a seu cargo, ela reabriu o caso e incluiu as acusações de exploração e de tráfico de pessoas contra o ex-presidente.
Para Evo, o processo visa apenas impedi-lo de concorrer contra Arce nas eleições de 2025.