Em visita surpresa à Ucrânia, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta terça-feira (14) que mais ajuda militar está a caminho de Kiev e que as novas remessas farão diferença no campo de batalha contra a Rússia.
As declarações ocorreram em um momento delicado para as tropas do país invadido —nos últimos dias, as forças de Moscou vêm acumulando vitórias no conflito.
Trata-se da quarta viagem do americano à Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Blinken almoçou com o seu homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, em uma pizzaria da capital. Depois, fez um discurso no qual prometeu a continuidade do apoio de Washington até que a “segurança e a soberania do país invadido estejam totalmente garantidas”.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, agradeceu a Washington pelo que chamou de assistência crucial e reiterou a importância de o país receber as remessas militares da forma mais rápida possível. “A ajuda está a caminho. Parte dela já chegou e mais virá”, disse o líder em Kiev, após a reunião com Blinken.
Zelenski afirmou que a Ucrânia precisa de equipamentos para defesa e pediu mais munição para os sistemas antiaéreos Patriot que estão posicionados nas proximidades de Kharkiv, no leste ucraniano. Nos últimos dias, o avanço das forças da Rússia na região, em uma ofensiva que começou na semana passada, ameaça romper as defesas do país invadido e obrigou Kiev a recuar seus soldados.
Já Blinken afirmou que as novas leis ucranianas sobre mobilização militar são duras, porém necessárias. A exemplo que já fizera a Rússia no passado, Kiev vai trocar o serviço militar pela liberdade de alguns detentos. O governo estima ser possível convocar até 20 mil soldados nas prisões. Nenhum condenado por crime grave, como homicídio, poderá participar da seleção. No mês passado, a Ucrânia também já havia passado uma legislação baixando a idade mínima para a mobilização nacional de 27 para 25 anos.
Ainda segundo Blinken, a comunidade internacional tem de fazer que a Rússia pague pela destruição causada na Ucrânia, após mais de dois anos de conflito. “O primeiro objetivo desta viagem é enviar um sinal para tranquilizar os ucranianos que estão claramente numa situação muito difícil, tanto devido à intensificação dos combates na frente oriental quanto porque os russos estão estendendo seus ataques transfronteiriços”, disse uma autoridade dos EUA a bordo do trem que levava o Blinken à Ucrânia.
A visita de Blinken ocorre poucas semanas após o Congresso dos EUA aprovar um pacote de ajuda de US$ 60,8 bilhões à Ucrânia, que havia sido bloqueado durante meses por políticos linha-dura do Partido Republicano em pleno ano eleitoral. Desde então, Washington liberou cerca de US$ 1,4 bilhão em ajuda militar, que inclui novos sistemas antiaéreos Patriot e Nasams, bem como munição de artilharia.
Zelenski disse na segunda (13) que as tropas ucranianas estavam revidando na região de Kharkiv e que o setor havia sido reforçado. O novo ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, por sua vez, afirmou que quer alcançar a vitória na Guerra da Ucrânia com “perdas humanas mínimas”, enquanto analistas militares estimam que as baixas sofridas pelo Exército russo chegam a dezenas de milhares.
Em relação ao front, o Ministério da Defesa russo disse nesta terça-feira que seus soldados haviam conquistado a aldeia de Bugrouvatka, perto da fronteira russa e da cidade ucraniana de Vovtchansk, e que continuavam a “avançar profundamente nas defesas inimigas”.
A situação em Vovtchansk é crítica, confirmou o chefe da administração local, Tamaz Gambarachvili. Ele mencionou “bombardeios constantes” e combates “nos arredores da cidade”. Já o chefe da segurança nacional ucraniana, Oleksandr Litvinenko, disse em uma entrevista à agência de notícias AFP que mais de 30 mil soldados russos estavam atacando a região de Kharkiv.