O presidente Joe Biden vai usar seu último discurso à Assembleia-Geral da ONU para defender o legado internacional de seu governo, que viu a eclosão de uma guerra no Leste Europeu e de um conflito em escalada no Oriente Médio.
O americano discursa na manhã desta terça-feira (24), logo após o presidente Lula. Embora não seja mais o candidato democrata à Casa Branca, substituído na chapa por sua vice, Kamala Harris, a disputa contra Donald Trump estará nas entrelinhas.
Biden deve defender que a cooperação global é o melhor caminho, em vez de uma visão de mundo “cínica e transacional em que países interpretam seus interesses de modo muito limitado e não trabalham juntos pelo bem comum”, disse um assessor do governo sob condição de anonimato.
A instabilidade global nos últimos anos vem sendo um dos alvos de ataque de Donald Trump, que concorre à Presidência neste ano. O republicano atribui os conflitos ao que vê como uma fraqueza de Biden, exemplificadas pela suspensão de sanções ao Irã e à Venezuela e pela saída desastrosa das tropas americanas do Afeganistão.
Em campanha, o empresário diz com frequência que resolvia problemas com outros países durante seu governo simplesmente ameaçando suspender o repasse de recursos americanos. Seu retorno à Casa Branca é visto com temor por aliados dos EUA, principalmente entre europeus, que contam com Washington para fazer frente à Rússia.
Biden vai contar a história de seu mandato como uma espécie de “os Estados Unidos voltaram” após os turbulentos anos Trump, apontando os resultados concretos que teria alcançado. O presidente deve destacar, por exemplo, seu papel na união do mundo em defesa da Ucrânia após a invasão pela Rússia, na negociação de um acordo de cessar-fogo para Gaza e na gestão da competição entre Washington e Pequim.
A mensagem será de que esses desafios persistem, se somam a problemas como a crise climática e as implicações de novas novas tecnologias como a inteligência artificial, e só podem ser resolvidos por meio de cooperação.
Os ataques de Israel ao Líbano também devem ser objeto de conversas ao longo da semana, mas membros do governo não foram mais específicos do que isso, limitando-se a dizer que é uma situação delicada e perigosa.
Como fez no ano passado, Biden deve repetir seu apoio a uma reforma de organismos multilaterais, como a própria ONU.
Após o discurso, o presidente americano vai se reunir com o secretário-geral da organização, António Guterres. À tarde, ele promove um encontro da coalizão global sobre ameaças oferecidas por drogas sintéticas, uma iniciativa lançada em junho do ano passado que reúne hoje 158 países e 15 entidades internacionais.
No mesmo dia, o democrata participa de um evento em que fará um discurso sobre crise climática. Na quarta, ele tem um encontro bilateral com o presidente do Vietnã, To Lam, e participa de uma reunião sobre a reconstrução da Ucrânia. À noite, ele participa de uma recepção para líderes estrangeiros no Met, o Museu Metropolitano de Arte de Nova York.