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áudio de motorista reclamando de condições de ônibus será investigado

As circunstâncias que levaram ao grave acidente que deixou 18 mortos e mais de 20 feridos depois de um ônibus despencar na Serra da Barriga, em União dos Palmares, interior de Alagoas, ainda são desconhecidas. Mas nesta segunda-feira (25), Maria da Graça Cruz, que é viúva do motorista Luciano Costa de Araújo, o “Mão Cheia”, falou sobre a existência de um áudio enviado pelo marido reclamando das condições do veículo em que trabalhava.

A viúva chegou a reproduzir o áudio para a reportagem da TV Pajuçara, durante o velório do motorista, nesta manhã. Na mídia, o homem comenta problemas mecânicos do ônibus e afirma que o veículo não tem condições de subir a serra. 

“Amor, o carro quebrou, pocou a mangueira. O César estava ajeitando, cheguei agora”, disse o motorista Luciano, em áudio enviado para a esposa na terça-feira, 19 de novembro.

Ouça no vídeo abaixo:

Dona Maria da Graça afirmou que esse áudio foi enviado na terça-feira da semana passada. 

“(Ele dizia) Que quebrava, que a mangueira estava quebrada, que o ônibus sempre estava quebrado ou quebrando, sempre sendo levado para as oficinas. Tanto que aqui tenho os áudios, nas horas em que quebravam as mangueiras. Na terça-feira, um desses ônibus que ele trabalhou chegou a quebrar essa mesma mangueira que aconteceu o acidente na Serra da Barriga ontem. Deus é tão fiel na minha vida que fez eu olhar um áudio que ele deixou aqui na terça-feira. Se esse ônibus foi para a Serra como um carro que quebrou terça-feira, essa mangueira não deveria ter consertado ou só fizeram um arranjo? Não deveria ter ido o ônibus, ter deixado o ônibus. Porque o que ele trabalha mesmo está em uma oficina”.

Ela também revelou que o marido inicialmente não iria trabalhar no domingo.  

“Ele tinha saído para trabalhar. Só que, antes de sair, ele me disse que aquele ônibus que iria viajar, nesse dia, ele não iria subir. Eu falei para ele: ‘Não vá, esposo’. Mas ele respondeu: ‘Mas é o meu trabalho, preciso botar o pão de cada dia em casa para vocês’. E olha onde chegou a vida dele: nesse caixão. Não só dele, como de muitas famílias. Eu iria nesse ônibus, eu e minha filha. Desistimos de última hora. Era Deus preparando para nós não ir, porque hoje poderíamos estar eu e minha filha ali também (no caixão). Mas Deus livrou eu e minha filha, e levou o pai de família, que era um marido maravilhoso, um pai bom, um homem que todos gostavam aqui na cidade”.

Dona Maria contou que a família, que morava em Maceió, tinha chegado há pouco tempo em União dos Palmares, e que o marido era querido pela população. 

“Moramos aqui há pouco tempo, pois morávamos em Maceió. Ele era conhecido como ‘Mão Cheia’. Todos gostavam do Mão Cheia. Ele era um bom esposo, um bom marido, não tenho nada a reclamar do meu marido, a única coisa que vou levar é a lembrança, é o que vai ficar para mim. Ele estava começando a vida agora, tinha completado 47 anos no dia 9 do mês passado. E hoje foi embora. Por causa de que? De exigência, de trabalho, de ônibus que não faz as coisas certas. Nós que temos o transporte, temos que revisar se realmente aquele ônibus tem condições de chegar naquele lugar que nós vamos.  


Investigação – Questionado pela imprensa, o delegado Guilherme Iusten, responsável pela investigação no âmbito policial, disse ter conhecimento da existência do áudio de forma extra oficial.

“A gente recebeu um informe extra oficial, que ainda não foi confirmado, de que momento antes do acidente teria acontecido uma falha técnica. Para isso [a confirmação ] será preciso o trabalho da Perícia Oficial, que fará uma perícia minuciosa de todos os componentes necessários ao funcionamento do veículo. Recebemos [ a informação ] extra oficialmente de que o ônibus teria apresentado problemas mecânicos e daí ocorrido a tragédia”, disse.

Sobre o que já foi apurado, o delegado contou que a situação do veículo e do motorista eram regulares.

“O que foi apurado até o momento é que o ônibus estava em condições de uso, era um ônibus relativamente novo. Foi feita uma inspeção veicular, que é obrigatória para ônibus escolares e ocorre a cada seis meses, no dia 13 de outubro”, acrescentou.

Na última terça-feira, Luciano enviou um áudio para Maria informando que levou o carro à oficina depois que a mangueira de freio apresentou problemas, o que também será apurado pela polícia. “Agora a gente depende da finalização da perícia, que vai minuciosamente testar vários itens para saber se realmente houve uma falha técnica”, pontuou o delegado.

O ônibus despencou de uma altura de 120 metros, sendo 40 metros em queda livre. O veículo deve ser içado ainda nesta segunda e levado para perícia. O dono da empresa locatária do ônibus também será intimado pela Polícia Civil (PC).

Fonte: TNH1

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