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Ataque do Irã a Israel foi alinhado com Rússia, diz Kiev – 16/04/2024 – Mundo

O ataque do Irã a Israel teve envolvimento da Rússia, que é parceira próxima de Teerã, e só serviu para revelar que os métodos e recursos dos dois países são antiquados. Quem diz é Mikhailo Podoliak, assessor especial do presidente Volodimir Zelenski e um dos principais estrategistas da guerra pelo lado ucraniano.

“O que ficou claro é que a Rússia e o Irã não são tão poderosos quanto querem se mostrar”, diz ele, para quem Moscou “definitivamente se envolveu” no planejamento da ofensiva contra Israel, porque teria testado o mesmo padrão de ataque com drones contra a Ucrânia.

“O Irã não devia ter atacado Israel, porque só mostrou como sua tecnologia é ultrapassada”, afirma Podoliak. “Os países ocidentais precisam entender que não vale a pena prestar tanta atenção a eles quanto à Rússia.”

As declarações, feitas nesta terça (16) a uma comitiva de jornalistas brasileiros da qual a Folha fazia parte, vêm num momento em que Kiev se angustia com a redução de seu apoio internacional.

Há receio no governo Zelenski de que um agravamento no conflito do Oriente Médio ofusque a invasão na Ucrânia, que ainda depende de auxílio financeiro e militar de países ocidentais como os Estados Unidos, já que a capacidade militar russa supera em muito a ucraniana.

O assessor presidencial comenta que, se Israel já constrói há bastante tempo relações com o Ocidente, a Ucrânia está apenas começando, mas já provou que “não é só uma parte da Rússia, mas um Estado soberano e independente”.

Ele classifica como “um erro”, no entanto, o esforço diminuto feito pela Ucrânia para se aproximar da América Latina, incluindo o Brasil. “Fizemos pouco para construir relações aí, enquanto a Rússia fez muito. É nossa prioridade mudar essa situação, mas construir relações de confiança leva tempo.”

O único encontro de Lula com Zelenski desde o início da guerra demorou a ser marcado e, quando finalmente aconteceu em setembro passado em Nova York, resultou numa conversa não mais do que protocolar.

Ao discutir as abstenções do Itamaraty em votações da ONU sobre a guerra, ele reconhece ser direito soberano de qualquer país votar como quiser e diz que o Brasil tem potencial de um peso cada vez maior na cena econômica e diplomática mundial. Mas ressalta que é preciso denunciar a Rússia como um agressor que constantemente infringe regras internacionais.

“Será que os países neutros querem viver num mundo sem regras? O Brasil não quer garantia de que não será atacado ou invadido? A Rússia será um pária muito em breve, a ordem mundial está sendo reformulada, e a posição [de cada país diante do conflito] vai ser definidora para sua reputação nos próximos anos.”

O estrategista diz que entende a lógica econômica por trás do cálculo —afinal, a Rússia é parceiro comercial relevante do Brasil, com quem compõe o grupo dos Brics—, mas que a retidão moral deve prevalecer. Não há como pensar em direitos iguais entre o agressor e o agredido, diz.

“É claro que as pessoas aqui estão exaustas com os ataques diários, mas que escolha nós temos?”, completa. “Sabe, os foguetes não são a parte mais cansativa, e sim a demora e a incerteza dos nossos aliados.”

Em relação ao apoio internacional, Podoliak se diz desapontado “com o ritmo de chegada dos suprimentos”, especialmente com jatos e outros equipamentos de aviação. “A Rússia e o Irã são mais atrasados, então contam com a agressividade e a chantagem. Quando veem a demora da ajuda ocidental em chegar, isso os provoca a escalar o conflito.”

Segundo o estrategista, um dos mais próximos auxiliares de Zelenski, a Ucrânia conta com tecnologia de defesa de qualidade suficiente para afastar todos os ataques aéreos russos.

Sua vulnerabilidade tem a ver com o tamanho do território, amplo e difícil de cobrir, e o fato de que a Rússia mira prédios civis, o que aumenta a quantidade possível de alvos.

“É fácil derrubar os foguetes russos, mas [a quantidade deles] sobrecarrega nossos sistemas. Se tivéssemos um número suficiente de foguetes de defesa aérea, conseguiríamos nos proteger.”

O jornalista viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.

Fonte: Folha de São Paulo

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