Cidadãos da Austrália, Grã-Bretanha e Polônia estão entre as sete pessoas que trabalhavam para o famoso chef José Andrés, da World Central Kitchen, que foram mortas num ataque aéreo israelita no centro de Gaza nesta segunda-feira (1º), informou a ONG.
O comboio foi atingido quando saía de um armazém em Deir al-Balah, depois de descarregar mais de 100 toneladas de ajuda alimentar humanitária levada para Gaza por mar.
“Este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque às organizações humanitárias que atuam nos locais mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra”, disse Erin Gore, executiva-chefe da World Central Kitchen. “Isso é imperdoável.”
Os militares israelenses disseram que faziam uma revisão completa para compreender as circunstâncias do que chamaram de incidente trágico.
“As Forças de Defesa fazem grandes esforços para permitir a entrega segura de ajuda humanitária e têm trabalhado em estreita colaboração com a WCK nos seus esforços vitais para fornecer alimentos e ajuda humanitária ao povo de Gaza”, disseram os militares.
Andrés, que iniciou a ONG em 2010 enviando cozinheiros e alimentos para o Haiti após um terremoto, disse que estava com o coração partido e de luto pelas famílias e amigos dos que morreram.
“O governo israelense precisa parar com essa matança indiscriminada”, disse.
“É preciso parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma. Não há mais vidas inocentes perdidas. A paz começa com a nossa humanidade partilhada. Precisa começar agora”.
O Hamas disse que o ataque teve como objetivo aterrorizar os trabalhadores das agências humanitárias internacionais, dissuadindo-os das suas missões.
AUSTRÁLIA CONFIRMA MORTE
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, confirmou a morte do trabalhador humanitário Lalzawmi “Zomi” Frankcom, de 44 anos, e disse que o seu governo contactou Israel para exigir que os responsáveis sejam responsabilizados.
“Esta é uma tragédia humana que nunca deveria ter ocorrido, que é completamente inaceitável e a Austrália procurará uma responsabilização plena e adequada”, disse em uma conferência de imprensa nesta terça-feira (2).
Albanese afirmou que civis inocentes e trabalhadores humanitários precisam ser protegidos e reiterou o apelo a um cessar-fogo em Gaza, juntamente para ajudar aqueles que sofrem de “tremenda privação”.
Um vídeo obtido pela Reuters mostrou paramédicos transportando corpos para um hospital e exibindo os passaportes de três dos mortos.