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As eleições no continente e os amantes da liberdade e da democracia – 01/12/2023 – Latinoamérica21

A eleição clara de JavierMilei como presidente da Argentina nos deixa duas lições importantes. A primeira é a rejeição da maioria dos argentinos ao kirchnerismo. Apesar de sua retórica democrática, os “governos K” têm sido aliados daqueles que negam as violações dos direitos humanos em Cuba, Nicarágua e Venezuela. Têm sido uma parte importante de redes como o Grupo de Puebla, que, com porta-vozes como os ex-presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, endossam práticas autoritárias, minam a democracia e dão oxigênio aos ditadores através de suas declarações públicas. A segunda lição é a necessidade de construir maiorias a favor da liberdade e da democracia a partir do centro político. O êxito do novo governo argentino dependerá da capacidade da centro-direita em trazer governança e sensatez para a nova administração.

A necessidade de bom senso

Em um continente em que o pêndulo eleitoral frequentemente oscila entre posições maximalistas de ambos os lados do espectro político, há uma grande necessidade de vozes sensatas e democráticas capazes de desenvolver projetos políticos de longo prazo, orientar governos responsáveis e cumprir suas promessas e os anseios da população latino-americana. O socialismo bolivariano promete soluções fáceis e acaba frustrando as esperanças de milhões de latino-americanos. Um estádio de futebol repleto de pessoas gritando “Fuera Petro!” no recente jogo da Colômbia contra o Brasil em Barranquilla evidenciou essa decepção de forma muito drástica.

No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador não busca apenas a aproximação com os ditadores da região. Ele também está seguindo uma agenda autoritária de desmantelamento sistemático de órgãos estatais, como o Instituto Nacional Eleitoral ou a Suprema Corte de Justiça da Nação. Foi somente graças ao trabalho conjunto dos partidos historicamente opositores que conseguimos deter alguns aspectos de sua agenda antidemocrática.

Além disso, graças a essa cooperação e à excepcional liderança da senadora Xóchitl Gálvez, em junho de 2024 teremos uma oportunidade real de dar mais uma derrota ao socialismo bolivariano e às redes internacionais autoritárias de esquerda que tanto nos prejudicaram. Para conseguirmos isso, precisaremos dos olhos da comunidade internacional nesse processo eleitoral. Como já aconteceu com muitos governos dessa linha, é provável que AMLO e seu partido não queiram reconhecer facilmente uma possível derrota.

Fórum América Livre

O exemplo mexicano nos mostra que somente juntos podemos vencer. Essa experiência é muito importante para todos os amantes da liberdade e da democracia na América Latina. Nesse sentido, há pouco tempo nasceu uma esperança, o “Fórum América Livre”. Ele ocorreu no final de outubro de 2023. Convocamos partidos políticos, grupos de reflexão, líderes políticos, representantes da sociedade civil e outros atores para uma celebração da liberdade e da democracia na Cidade do México. Mais de 30 organizações e participantes de 25 países atenderam a esse chamado. O Fórum América Livre pretende ser um novo espaço. Tem como objetivo a coordenação e o diálogo para criar uma frente comum a partir do centro político, com valores e princípios claros. Sempre ao lado da democracia. Sempre ao lado da liberdade.

A enorme atenção midiática na região ao nosso encontro em outubro mostrou que muitos estavam esperando por um espaço como o Fórum América Livre. Em nosso cenário, ex-presidentes compartilharam suas experiências. A vice-presidenta do Parlamento da Ucrânia agradeceu a solidariedade dos presentes diante do ataque de Vladimir Putin, e a nova geração de políticos trouxe seu entusiasmo por uma América Livre. Nosso desafio agora é transformar essa experiência em um espaço permanente de unidade democrática diante da ameaça.

Além da diversidade dos participantes da primeira edição do Fórum América Libre, todos nos unimos quando, na presença do ex-candidato presidencial e ex-preso político da Nicarágua, Felix Maradiaga, concedemos um prêmio de direitos humanos a uma cadeira vazia. Essa cadeira representava o Monseñor Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, na Nicarágua, um preso político do ditador Daniel Ortega condenado a mais de 26 anos de prisão. O destino desumano do Monseñor é compartilhado por muitos ativistas na Venezuela e em Cuba, países defendidos internacionalmente pelo Grupo Puebla e seus aliados. Os perseguidos políticos precisam dos democratas do mundo, e eles precisam de nós.

Este texto foi publicado originalmente no Diálogo Político.


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Fonte: Folha de São Paulo

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