O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vai substituir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na recepção desta terça-feira (10) ao primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, alvo de um atentado em maio. A alteração ocorre após o presidente passar por uma cirurgia de emergência durante a noite.
O encontro com o eslovaco será às 11h30, no Palácio do Planalto, e será seguido de uma reunião bilateral. Na sequência, eles assinarão atos e falarão com a imprensa. Por fim, Fico terá um almoço em sua homenagem no Itamaraty, como é praxe.
O encontro ocorre sete meses após Fico ser baleado enquanto cumprimentava apoiadores em Handlová, a 190 quilômetros de Bratislava, capital do país. No momento do ataque, registrado pelos presentes em imagens que viralizaram, ele saia de um centro cultural após se reunir com integrantes de seu gabinete, formado por diversos aliados de ultradireita.
Após o atentado, que o deixou ferido no abdômen, o líder passou por duas cirurgias e ficou 16 dias hospitalizado. Ao sair, iniciou um expurgo de promotores, jornalistas e profissionais do setor de cultura que, segundo ele, criaram uma atmosfera de “ódio e agressão” propícia ao ataque.
Apesar das acusações, não há evidências de que seu agressor, o poeta amador Juraj Cintula, tivesse qualquer ligação com a oposição. De qualquer forma, a velocidade da derrocada fez Fico ser comparado a seu vizinho Viktor Orbán, o conservador premiê da Hungria constantemente acusado de solapar os freios e contrapesos da democracia de seu país.
Diversos outros compromissos de Lula foram cancelados após o petista sentir fortes dores de cabeça na noite de segunda (9) e, depois de exames feitos no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, ser transferido para a unidade de São Paulo para uma cirurgia de emergência.
Na véspera, o Palácio do Planalto havia divulgado reuniões à tarde com o subchefe de Assuntos Jurídicos (SAJ), Marcos Rogério de Souza, e com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), e Nísia Trindade (Saúde).
Lula foi submetido a uma craniotomia para drenagem de hematoma, que foi bem-sucedida, segundo boletim médico divulgado pela instituição. O petista foi atendido pelos médicos Roberto Kalil Filho e o neurocirurgião Marcos Stavale, e está agora sob cuidados da infectologista Ana Helena Germoglio.
Segundo o documento, o petista está sob observação em um leito de UTI.
O presidente começou a passar mal à tarde, quando se queixou de dor de cabeça e sonolência para ministros com quem despachou.
Seu último compromisso foi uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Faria exames apenas na manhã de terça (10), mas as dores anteciparam a ida ao hospital. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o acompanhou em todos os momentos.
Em outubro, o petista sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, foi tratado e levou pontos. O sangramento ocorre quase dois meses depois, em decorrência do acidente doméstico.