Tal Mitnick, um adolescente de Tel Aviv de 18 anos, negou-se a lutar no conflito que se desenrola na Faixa de Gaza, chamado por ele de “guerra de vingança”, no primeiro caso do tipo desde os ataques do grupo terrorista Hamas contra o sul de Israel no dia 7 de outubro, que deixaram cerca de 1.200 mortos.
“Eu me recuso a acreditar que mais violência trará segurança, eu me recuso a participar de uma guerra de vingança”, afirmou ele, segundo o jornal israelense Jerusalem Post. “O ataque criminoso em Gaza não vai resolver o massacre brutal que o Hamas executou.”
“Cresci em um lar onde a vida é sagrada, onde a discussão é valorizada e onde o diálogo e o entendimento sempre vêm antes de medidas violentas. No mundo cheio de interesses corruptos em que vivemos, a violência e a guerra são apenas mais uma maneira de aumentar o apoio ao governo e silenciar críticas”, acrescentou, em uma referência ao momento de instabilidade política em Israel antes do início do conflito.
Mitnick também pediu por diplomacia e esforço político ao relembrar o cessar-fogo da última semana de novembro, no qual 105 reféns foram libertados pelo Hamas ao longo de uma semana em troca da libertação de 210 mulheres e adolescentes palestinos das prisões de Israel.
“Devemos reconhecer o fato de que, após semanas de operação terrestre em Gaza, no final das contas foram negociações e um acordo que trouxeram de volta os reféns”, afirmou.
O adolescente ainda citou o episódio em que o Exército de Israel matou por engano três reféns do país.
“Por causa da mentira criminosa de que ‘não há civis inocentes em Gaza’, até mesmo reféns que acenavam uma bandeira branca e gritavam em hebraico foram mortos a tiros. Não quero imaginar quantos casos semelhantes houve que não foram investigados porque as vítimas nasceram do lado errado da cerca”, disse ele.
Mitnick foi condenado a 30 dias de prisão, uma sentença considerada severa para o seu caso, já que foi a primeira recusa de sua vida.
O adolescente integra a Rede Mesarvot, um grupo de jovens que se negam a se alistar no Exército de Israel alegando princípios éticos ou morais. Parte dos integrantes do movimento estava com ele no momento em que ele entrou no centro de alistamento de Tel Hashomer, na última terça-feira (26).
A iniciativa não é inédita. Um dos casos mais recentes aconteceu neste ano, quando a sociedade israelense estava em ebulição por causa da controversa reforma judicial promovida pela coalizão do atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu —a mais à direita da história do país. Segundo críticos, o projeto de lei poderia minar a democracia israelense, o que provocou manifestações massivas por semanas.
Em protesto contra os planos de Bibi, como o premiê também é chamado, mais de mil reservistas da Força Aérea de Israel divulgaram uma carta em julho ameaçando abandonar seus deveres de serviço voluntário. Na época, havia uma onda de reservistas que diziam se negar a servir a um país antidemocrático.