O juiz do processo contra Donald Trump pela compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels decidiu nesta sexta-feira (22) adiar indefinidamente o anúncio da sentença do caso, o que representa uma vitória para o presidente eleito dos Estados Unidos, que retornará à Casa Branca em janeiro.
Juan Merchan autorizou os advogados de Trump a apresentarem, até 2 de dezembro, um recurso para a anulação do processo e, consequentemente, a suspensão do anúncio da pena.
O republicano havia sido declarado culpado em 30 de maio, sob acusação de ter falsificado registros empresariais para encobrir pagamentos a Daniels e, assim, evitar que ela revelasse durante a campanha de 2016 supostas relações sexuais com o empresário em 2006.
Trump foi o primeiro ex-presidente considerado culpado pela Justiça em uma ação criminal na história dos EUA. A decisão foi tomada por um júri formado por 12 pessoas.
O pagamento a Daniels teria sido de US$ 130 mil (R$ 755 mil) e feito pelo então advogado e faz-tudo de Trump, Michael Cohen. O objetivo do acobertamento teria sido evitar um escândalo sexual no final de sua campanha presidencial, quando ele derrotou a democrata Hillary Clinton.
Durante o julgamento, em maio, Daniels disse que desmaiou durante um encontro com o republicano, em 2006, e que depois acordou na cama sem roupas.
Em um documento judicial, o promotor de Manhattan Alvin Bragg havia manifestado sua oposição a uma anulação pura e simples do processo de Trump, mas disse que o tema merecia análise. A posição da promotoria foi enviada para o magistrado na terça-feira (19). A expectativa era que a sentença fosse lida no próximo dia 26.
Concordando com os advogados de defesa, Bragg admitiu que inclusive deveria ser considerada a possibilidade de congelar todos os processos “até o fim do mandato” de Trump, em 2029.
Dos quatro processos penais contra o republicano, este caso é o único que o levou ao banco dos réus.
A defesa do presidente eleito quer que o processo seja anulado para que o republicano possa cumprir os deveres à frente do governo. Os advogados também usaram a tese da Suprema Corte sobre imunidade presidencial para recorrer da condenação.
Por esse entendimento, algum grau de imunidade seria conferido a presidentes americanos por crimes cometidos no cargo. A dúvida era se ela poderia ser aplicada a crimes comuns, como é o caso de Nova York.