Mais de 200 pessoas que trabalharam nas gestões dos presidentes George H. W. Bush (1989-1993) e George W. Bush (2001-2009) e com os senadores John McCain e Mitt Romney, todos políticos republicanos, assinaram uma carta em apoio à candidatura da atual vice-presidente dos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris.
“Temos muitas discordâncias honestas e ideológicas com a vice-presidente Harris e o governador [Tim] Walz [candidato à Vice-Presidência]. Isso é de se esperar. No entanto, a alternativa é simplesmente insustentável”, afirma o documento, repercutido pela imprensa americana após ser revelado pelo jornal USA Today.
A alternativa a que se referem é o correligionário de seus antigos chefes Donald Trump, candidato à Presidência pelo Partido Republicano. “Mais quatro anos de liderança caótica de Donald Trump, desta vez focada em avançar nos perigosos objetivos do Projeto 2025, prejudicarão pessoas reais e comuns e enfraquecerão nossas instituições sagradas”, afirma a carta.
O projeto ao qual os signatários se referem é um plano comandado pela conservadora Fundação Heritage que prevê, caso Trump vença o pleito de novembro, a expansão dos poderes do Executivo e a restrição do acesso ao aborto, entre outras medidas polêmicas.
A carta repete uma estratégia de 2020, quando o atual presidente, Joe Biden, venceu o republicano, que buscava uma reeleição. Na época, dezenas de pessoas que haviam participado da equipe de George W. Bush, McCain e Romney também vieram a público, por meio de três cartas diferentes, para apoiar o Partido Democrata.
A diferença, agora, é a extensão do apoio, que reúne 238 assinaturas. Entre os signatários estão Reed Galen, cofundador do grupo pró-democracia The Lincoln Project e Olivia Troye, antiga conselheira de segurança do vice-presidente de Trump, Mike Pence —quem, aliás, também rompeu com o empresário após a derrota, há quatro anos.
“Sabemos (…) que foram os republicanos moderados e os independentes conservadores em estados-pêndulo que, no final das contas, entregaram a presidência a Joe Biden —americanos honestos e trabalhadores em Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Arizona, entre outros, que colocaram o país muito antes do partido”, diz a carta. “Estamos chamando de coração esses amigos, colegas, vizinhos e membros da família para tomarem uma posição corajosa mais uma vez, para votar em líderes que buscarão o consenso, não o caos.”
De acordo com a agência de notícias Associated Press, o porta-voz da campanha de Trump chamou a iniciativa de hilária. “Ninguém sabe quem são essas pessoas”, disse ele. “Elas prefeririam ver o país queimar a ver o presidente Trump retornar com sucesso à Casa Branca para fazer a América grande de novo.”