O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, foi duramente criticado por voltar a defender, em menos de 15 dias, que os judeus possam orar na Esplanada das Mesquitas, local na Cidade Velha de Jerusalém sagrado para o islamismo e o judaísmo. Ele visitou a esplanada na segunda (26).
O ato foi condenado porque, além de provocar a ira dos muçulmanos, pode atrapalhar as negociações em curso para um acordo de cessar-fogo para interromper os combates na Faixa de Gaza. Também ocorre durante dias de tensão entre Israel e Hezbollah, grupo extremista xiita que atua no Líbano.
“A política no Monte do Templo permite orar lá. Ponto final”, disse Ben-Gvir a um entrevistador da Rádio do Exército. “O primeiro-ministro sabia que, quando me juntei ao governo, não haveria discriminação. Muçulmanos podem orar e um judeu não pode orar?”, disse.
Questionado se construiria uma sinagoga no local se pudesse, Ben-Gvir respondeu: “Sim, Sim”.
O escritório do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, imediatamente emitiu uma declaração reafirmando a posição oficial de Israel, que aceita o veto a orações não muçulmanas na Esplanada das Mesquitas, área conhecida como Monte do Templo pelos judeus.
“Não há mudanças no status quo no Monte do Templo”, disse o gabinete do premiê.
As críticas mais contundentes vieram de outros ministros. O titular da Educação, Yoav Kisch, disse que qualquer alteração nas regras no complexo de mesquitas em Jerusalém, especialmente em tempos de guerra, deve ser realizada “junto com uma análise de todos os significados e consequências”.
“A declaração irresponsável do ministro Ben Gvir na mídia sobre este assunto é desnecessária e populismo estúpido”, disse em comunicado no X.
Para o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que tem entrado em conflito repetidamente com o colega da Segurança Nacional, “desafiar o statu quo no Monte do Templo é um ato perigoso, desnecessário e irresponsável”. “As ações de Ben-Gvir colocam em perigo o Estado de Israel e seu status internacional”, escreveu também no X.
Os comentários de segunda-feira ocorreram menos de duas semanas depois de Ben-Gvir causar indignação ao visitar o complexo com centenas de apoiadores, muitos dos quais pareciam estar orando, em claro desafio ao veto.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que os apelos para alterar as regras de Al-Aqsa parecem destinados “a arrastar a região para uma guerra religiosa que queimará a todos”.
O ministério das Relações Exteriores da Jordânia, país guardião dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém, incluindo a mesquita de Al-Aqsa, disse considerar a declaração de Ben-Gvir “uma violação do direito internacional e uma incitação inaceitável que requer uma posição internacional clara”.
Líder de um dos dois partidos religiosos linha-dura na coalizão de Netanyahu, o ministro da Segurança Nacional tem um longo histórico de fazer declarações polêmicas que agradam a seus apoiadores, mas muitas vezes entram em conflito com a linha oficial do governo.
No entanto, a dependência de Netanyahu do apoio do partido de Ben-Gvir para manter sua coalizão de direita unida deve fazer com que ele mantenha o ministro no cargo.