Um homem de 26 anos de nacionalidade síria admitiu a autoria do atentado a faca que deixou três mortos e oito feridos em Soligen, no oeste da Alemanha, na sexta-feira (23).
Autoridades alemãs disseram neste domingo (25) que o suspeito estava sob custódia da polícia, que investiga possíveis ligações com o Estado Islâmico —o grupo terrorista reivindicou a autoria do atentado. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal da Alemanha.
O homem se entregou no sábado e admitiu o crime, de acordo com comunicado divulgado pela polícia de Düsseldorf e por promotores neste domingo. A cidade de Soligen tem cerca de 160 mil habitantes e fica localizada no estao da Renânia do Norte-Vestfália, uma das regiões mais desenvolvidas do país.
O ataque ocorreu durante um festival na sexta-feira à noite em uma praça de mercado onde bandas ao vivo se apresentavam para celebrar os 650 anos de história de Solingen no chamado “Festival da Diversidade”. O grupo terrorista descreveu o homem que realizou o ataque como um “soldado do Estado Islâmico” que “se vingou por todos os muçulmanos na Palestina”, sem entrar em detalhes.
Os promotores federais identificaram o homem sírio como Issa Al H., omitindo seu sobrenome devido às leis de privacidade do país. Segundo a imprensa local, Al H. tinha uma ordem de deportação contra ele desde 2023, que não foi cumprida porque as autoridades alemãs não o encontraram. Ele não era, entretanto, suspeito de ligação com grupos extremistas.
O suspeito estava em um abrigo para refugiados em Solingen, segundo o ministro do Interior da Renânia do Norte-Vestfália, Herbert Reul. O local foi revistado no sábado (24). A revista Der Spiegel informou que o suspeito havia se mudado para a Alemanha no final de 2022 e solicitado asilo.
Os mortos no ataque são dois homens, de 56 e 67 anos, e uma mulher, de 56 anos. Oito pessoas também ficaram feridas, quatro delas gravemente.
Conforme a Reuters, os promotores disseram que, “devido às suas convicções islamistas radicais”, ele tentou matar o maior número possível de pessoas com facadas repetidas no pescoço e na parte superior do corpo.
“O terrorismo islamista é um dos maiores perigos para a segurança do nosso país. Aqueles que cometem tais atos devem ser severamente punidos”, disse o vice-primeiro-ministro Robert Habeck, da coalizão do premiê Olaf Scholz, neste domingo.
A polícia chegou a prender um suspeito de 15 anos no sábado por “não ter denunciado” o ataque, e outra pessoa em um abrigo para requerentes de asilo considerada uma “testemunha”.
O atentado gerou preocupação entre políticos, que pediram reforço na segurança, restrições mais rígidas a armas, punições mais severas para crimes violentos e limites à imigração no território alemão. Friedrich Merz, que lidera o partido de oposição CDU, de centro-direita, disse que o país deveria deixar de admitir mais refugiados da Síria e do Afeganistão.
O Escritório Federal de Investigação Criminal da Alemanha (BKA) disse que houve cerca de uma dúzia de ataques motivados pelo islamismo desde 2000. Um dos maiores foi em 2016, quando um tunisiano dirigiu um caminhão contra um mercado de Natal em Berlim, matando 12 e ferindo dezenas.
“O risco de atos de violência motivados por jihadistas permanece alto. A República Federal da Alemanha continua sendo um alvo direto de organizações terroristas”, disse o BKA no relatório deste ano.