A Ação Democrática, um dos partidos de oposição na Venezuela, denunciou na noite desta quinta-feira (8) o sequestro de Williams Dávila Barrios, ex-governador e ex-deputado eleito pelo estado de Mérida.
Segundo o partido, um grupo de pessoas armadas e sem uniforme ou identificação policial ou militar, prendeu Dávila nas proximidades da praça de Los Palos Grandes, em Caracas.
“Não sabemos seu paradeiro e outras circunstâncias do sequestro”, diz comunicado da Ação Democrática.
Ele encerrava uma vigília em nome dos presos políticos do país quando foi arrastado.
A Plataforma Unitária Democrática, aliança política de oposição na Venezuela, também denunciou o sequestro.
“Exigimos a sua libertação imediata, o conhecimento do seu paradeiro e o respeito pelos direitos humanos. Esta escalada de repressão e perseguição deve parar e alertamos o mundo sobre isso. A Venezuela decidiu mudar e isto deve começar agora com uma transição pacífica”, disse a organização no X (ex-Twitter).
Outro ex-deputado, Américo De Grazia, foi detido sem explicações, segundo familiares.
“Depois de mais de 24 horas sem saber do seu paradeiro, soubemos que ele está no Helicoide (sede do Serviço de Inteligência)”, afirmou a filha de De Grazia no Instagram.
A oposição aponta uma “escalada repressiva” desencadeada após a contestada reeleição do presidente Nicolás Maduro.
“Não sabemos quais acusações são imputadas, não têm uma ordem de captura contra meu pai, não temos prova de vida, não sabemos em que condições ele está”, continuou María de Grazia.
Na terça-feira (6), a advogada María Oropeza, chefe regional da campanha do bloco de oposição, foi detida durante a noite em Guanare, capital de Portuguesa, e filmou a própria prisão.
Na transmissão ao vivo, é possível ver agentes da DGCIM (Direção de Contrainteligência Militar) quebrando o portão da casa onde estava e entrando no local.
Os protestos contra a reeleição de Maduro deixaram mais de 2.200 detidos, segundo o próprio ditador, e cerca de 24 mortos, segundo ONGs de direitos humanos.
Mais de dez dias depois das eleições presidenciais, Maduro enfrenta acusações de fraude por parte da oposição e de organizações internacionais, que apontam derrota do ditador, e um crescente isolamento diplomático, com as principais economias da América Latina se recusando a reconhecer sua proclamação de vitória.
O Brasil, junto do México e da Colômbia, insiste na divulgação oficial das atas eleitorais que comprovariam o resultado anunciado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) —de que Maduro venceu o pleito com 52% dos votos, contra 43% que teriam sido obtidos pelo ex-diplomata Edmundo González. Os três países também rejeitaram, nesta quinta, a iniciativa de Maduro de buscar referendar a eleição no Tribunal Supremo de Justiça do país, um órgão controlado pelo regime.
Com AFP