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Chile: Boric quer desapropriar local fundado por nazistas – 07/08/2024 – Mundo

O “epítome do mal”. Foi assim que o presidente chileno, Gabriel Boric, descreveu a Colônia Dignidad —o territ[orio fundado por nazistas no Chile em 1961. Lá, foram cometidas torturas, abusos sexuais e outras atrocidades durante décadas.

Agora, o governo de Boric pretende desapropriar parte daquele lugar macabro, que hoje abriga um complexo turístico.

Ele está localizado no município de Parral, a quase 400 km ao sul da capital chilena, Santiago. Segundo o presidente, o objetivo é “transformar um antigo espaço de terror e morte em um lugar de memória e futuro”.

Em ofício enviado no final de maio ao ministro da Habitação, Carlos Montes, o ministro da Justiça do Chile, Luís Cordero, determinou que se procedesse à desapropriação de seis terrenos:

  • A casa do ex-militar nazista Paul Schäfer, criador e líder da Colônia Dignidad
  • O hospital
  • A portaria
  • O armazém de batatas
  • O restaurante (conhecido como Zippelhaus)
  • O hotel que opera atualmente na região

Todos estes lugares, exceto pelo armazém de batatas, continuam sendo utilizados até hoje pela comunidade que vive no local. Conhecida como Vila Baviera, ela é composta por pouco mais de cem pessoas, incluindo alemães (muitos deles, filhos dos primeiros colonos) e chilenos.

Desde a fuga de Schäfer em 1997, o grupo viveu um processo de abertura e mudanças.

A BBC News Mundo —o serviço em espanhol da BBC— solicitou à comunidade sua opinião sobre os planos de desapropriação do terreno, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

A Colônia Dignidad é uma mancha obscura da história chilena. É uma seita que criou “robôs humanos”, por meio de encerramento e doutrinamento.

Naquele lugar, dezenas de menores de idade sofreram abuso sexual. E o hospital da colônia administrava psicofármacos ilegais e eletrochoques aos membros da comunidade.

Em 1973, a colônia passou a ser também um centro clandestino de detenção e tortura, após o golpe de Estado de Augusto Pinochet (1915-2006) contra o presidente socialista Salvador Allende (1908-1973).

Em 2016, a Alemanha desclassificou inúmeros arquivos que indicam que aquele era “um Estado dentro de outro Estado” —uma fortaleza inexpugnável e hermética.

Luís Cordero declarou à BBC News Mundo que a Colônia Dignidad “é uma história de violação de direitos humanos em múltiplas dimensões. Por isso, queremos estabelecer um local de memória que reivindique os direitos das vítimas.”

O ministro explica que o processo de desapropriação “já começou”. No momento, ocorre a avaliação dos locais a serem desapropriados.

“Esperamos que, até o final do nosso governo [março de 2026], o processo de desapropriação não só esteja encerrado, mas também que tenhamos iniciado o processo participativo para projetar o local de memória”, afirma Cordero.

Mas por que estes seis terrenos específicos estão sendo desapropriados? O que aconteceu em cada um deles e qual é o seu uso hoje em dia?

1. Casa de Paul Schäfer

Um dos imóveis que o governo de Boric deseja desapropriar é o local onde morou o líder do território alemão.

Acusado de pederastia, Paul Schäfer emigrou da Alemanha para o Chile após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Ele passou seus dias naquela casa, até que precisou fugir do país em 1997, para evitar a prisão.

Em 2017, os governos do Chile e da Alemanha criaram uma comissão mista, integrada por especialistas dos dois países. Seu objetivo era abordar a “memória histórica” da colônia e a integração das suas vítimas à sociedade.

Um relatório elaborado por essa comissão contém a proposta do local de memória e apresenta a importância dos imóveis que Boric pretende desapropriar.

Sobre a casa de Schäfer, o relatório afirma que era ali que o líder daquele território realizava os “interrogatórios individuais” (também chamados de confissões) com os colonos que violavam as regras impostas pelo ex-militar nazista e outros líderes locais.

Pelas informações encontradas nos últimos anos sobre a forma de operação do território, sabemos que ele possuía suas próprias regras: Deus, esforço e disciplina.

As “almas rebeldes ou difíceis” eram submetidas a tratamentos com psicofármacos e eletrochoque. E os membros da colônia precisavam trabalhar de manhã até à noite, sem descanso no fim de semana.

A casa do fundador também “era um lugar de abuso sexual” para crianças e jovens “escolhidos por Schäfer”, segundo indica o documento da comissão mista.

O advogado Diego Matte, um dos autores do relatório, afirma que, naquele local, Paul Schäfer “selecionava, conduzia e dirigia toda esta rede desumana de abusos psicológicos e físicos”.

“É um lugar fundamental para entender a lógica e o sistema demoníaco da Colônia Dignidad”, segundo ele.

Além disso, testemunhos de ex-colonos indicam que, naquela casa, Paul Schäfer recebeu aliados do regime de Pinochet, como Manuel Contreras, chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina), o organismo encarregado da repressão política durante o regime militar. Por isso, o local é de grande importância para as vítimas daquele período sombrio da história chilena.

Atualmente, a construção continua sendo utilizada como centro de reuniões para os mais de cem habitantes que ainda moram na Vila Baviera.

Pessoas que visitaram a região declararam à BBC News Mundo que a casa mantém características similares às da época de Schäfer.

O líder da colônia fugiu em 1997 para a Argentina, onde foi preso em 2005. Ele foi extraditado para o Chile e, um ano depois da prisão, foi condenado a 33 anos de reclusão por abuso sexual de menores, tortura, assassinato e posse ilegal de armas.

Schäfer morreu na prisão em Santiago, em 2010, aos 88 anos.

2. O hospital

O hospital construído por Schäfer desempenhou papel fundamental na chamada “Sociedade Benfeitora e Educacional Dignidad”, como foi registrada a colônia em 1961.

Ali, eram atendidas não apenas as pessoas pertencentes ao território, mas também pequenos agricultores das zonas rurais próximas, que não tinham acesso à assistência médica.

Muitos afirmam que isso ajudou a oferecer uma boa imagem da colônia no Chile, enquanto o que acontecia ali era mantido em total segredo. Mas o certo é que o hospital, que contava com cerca de 60 leitos, também era usado para controlar e submeter os colonos.

Segundo o documento elaborado pelos especialistas chilenos e alemães, a construção também era empregada para “apropriar-se de crianças” que, na época do nascimento, eram falsamente declaradas como mortas.

O hospital “também foi utilizado como local de torturas com psicofármacos contra os próprios colonos”, segundo o relatório. “Ali convergem a atividade beneficente e as atividades criminais ilícitas”, diz o documento. “Foi uma instância relevante nos abusos”.

Diego Matte explica que o hospital “é um lugar muito emblemático porque ali eram feitos procedimentos médicos nos quais se intervinha nas pessoas, sua saúde psicológica, mental e física. As pessoas eram controladas genitalmente nos seus processos de desenvolvimento.”

“É um exemplo nítido do benefício que eles ofereciam e, por outro lado, um lugar onde eram cometidos delitos e abusos permanentemente”, prossegue o advogado.

Atualmente, o hospital é utilizado como asilo para colonos anciãos e, nos últimos anos, também serviu como centro médico rural.

3. O armazém de batatas

Este é um local de especial importância para as vítimas do regime de Pinochet. Ali, “foram encarcerados e torturados os prisioneiros políticos chilenos”, segundo o relatório da comissão mista.

“Em cima do armazém de batatas, sempre houve moradias de colonos; por isso, existem testemunhos de gritos ouvidos durante as sessões de tortura”, diz o documento.

Margarita Romero, presidente da Associação para a Memória e os Direitos Humanos Colônia Dignidad, declarou à BBC News Mundo que o armazém de batatas é uma “denominação genérica para indicar os subterrâneos das casas da colônia (…) onde os prisioneiros eram mantidos, torturados e assassinados”.

Segundo diversos testemunhos de ex-colonos e ex-prisioneiros políticos coletados pela BBC News Mundo em arquivos diplomáticos oficiais da Alemanha, a Colônia Dignidad mantinha estreita colaboração com a Dina e participou ativamente da tortura e do desaparecimento de dissidentes.

Os prisioneiros eram informados que seriam levados para “um lugar bonito” onde se tornariam “mais dignos”, segundo uma série de denúncias penais apresentadas contra Schäfer perante a justiça da Alemanha, por violações de direitos humanos contra dirigentes e militantes políticos.

Atualmente, o armazém de batatas está vazio. Nele, há uma placa indicando que foi declarado Monumento Histórico pelo Conselho de Monumentos Nacionais, em 2016.

Antes disso, ele foi utilizado por anos como armazém e, em seguida, como oficina de carpintaria.

4. Portaria

Quando Paul Schäfer criou a Colônia Dignidad, ele cuidou para que aquele fosse um reduto secreto. Para isso, ele instalou uma cerca de arame farpado, com uma torre de vigilância, refletores e cães de guarda.

Para o território com segurança extrema e um sistema repressivo, a portaria desempenhava um papel fundamental. Toda pessoa que entrava no território precisava ser registrada, incluindo os pacientes do hospital.

Segundo o relatório da comissão mista, a portaria “demonstra a vigilância férrea e o isolamento que separava a Colônia Dignidad da sociedade chilena”.

Segundo Diego Matte, a portaria “era o limite até onde chegava o Estado de Direito —uma espécie de fronteira, um limite. Por isso, ela simboliza a impunidade, o desprezo à lei, ao Estado chileno, às vítimas e aos próprios colonos.”

Ela é também um local importante para as vítimas de presos e desaparecidos políticos durante o regime de Pinochet. De fato, ali ocorreram as últimas manifestações das associações de vítimas.

“Naquela casa, ficava o pessoal que garantia que ninguém entrasse ou saísse do recinto sem que se anotasse no livro de registro”, explica Margarita Romero. “Ela também tinha câmeras fotográficas camufladas, que permitiam que os guardas fotografassem todos os visitantes.”

“Ex-prisioneiros sobreviventes do lugar descrevem a portaria como uma das barreiras atravessadas pelos veículos que os transportavam ao chegarem à colônia”, prossegue ela.

Atualmente, a portaria ainda está ali. É possível observar um posto de controle e barreiras que restringem o livre acesso ao local, segundo o relatório da comissão mista.

5. Restaurante Vila Baviera (Zippelhaus)

Outro dos imóveis que o presidente Boric pretende desapropriar é o restaurante que opera atualmente na antiga colônia.

Na época de Paul Schäfer, ele servia de local de reunião para os colonos. Por sinal, homens e mulheres eram obrigados a viver separados na colônia, mesmo se tivessem família. E as crianças também viviam em local à parte.

Segundo o relatório da comissão mista chileno-alemã, no restaurante, “ocorreram os chamados Herrenabende, as reuniões dos homens nos tempos de Schäfer, quando eram ‘castigados’ todos aqueles que supostamente houvessem transgredido as regras impostas pelo líder”.

Ali também eram recebidas as visitas e o chefe do território fazia parte das suas pregações religiosas.

“No restaurante, Paul Schäfer se sentava em uma espécie de trono”, explica Matte. “Embaixo, existe um local subterrâneo, onde se sabe que eram cometidos abusos sistematicamente. Era uma zona de castigos.”

Atualmente, o restaurante é uma parte importante do complexo turístico construído na região, com o nome de Vila Baviera.

Ali, são servidas refeições “com uma mistura de gastronomia alemã gourmet, resgatando o melhor das receitas antigas, trazidas pelos primeiros colonos, entremeada com características da cozinha tradicional chilena de vanguarda, criando uma experiência de sabores e aromas difícil de esquecer”, segundo o website da Vila Baviera.

Alguns dos pratos oferecidos são o lombo na pedra, assado bovino com creme de milho, pernil com chucrute e chuleta defumada.

“Depois da era Schäfer, o local foi transformado em um restaurante no estilo bávaro”, segundo o relatório da comissão mista. “Diversos objetos e fotografias das atividades artísticas e das diferentes áreas de trabalho da colônia decoram o lugar.”

Depois do anúncio de desapropriação pelo governo Boric, alguns colonos manifestaram sua preocupação com os impactos econômicos da decisão às pessoas que ainda moram no local e respondem por atividades como o restaurante.

6. Hotel

O hotel que opera atualmente na Vila Baviera é outro local que o presidente chileno pretende desapropriar.

Segundo o relatório da comissão mista, naquele lugar ficavam os escritórios de líderes importantes, como Gerd Seewald, homem de confiança de Schäfer.

Seewald foi condenado por ter mantido colaboração estreita com o regime de Pinochet e por cumplicidade com os abusos sexuais cometidos contra os menores na colônia. Ele morreu em 2014, enquanto cumpria sua pena em uma prisão no sul do Chile.

O documento dos especialistas chilenos e alemães destaca que o hotel recebia “visitas importantes para Schäfer e a hierarquia”.

“No ático, ficava a sala de segurança de Schäfer, com uma janela que oferece uma vista quase panorâmica do lugar e um tubo de fuga escondido na parede”, detalha o relatório. “No corredor até chegar àquela sala, ficavam as camas dos jovens colonos que estavam a cargo da segurança.”

O edifício foi transformado em um hotel que, atualmente, recebe turistas.

O website da Vila Baviera destaca que o hotel foi inaugurado “em 12 de maio de 2012, graças a um subsídio obtido por candidatura a um projeto Corfo”. Corfo é uma agência do governo chileno (a sigla em espanhol significa Corporação de Fomento da Produção).

O hotel conta hoje com 22 quartos com banheiro privativo, divididos em três andares. No mesmo edifício, também fica a administração do complexo turístico.

Dúvidas sobre a desapropriação

Diversas associações de vítimas elogiaram a decisão do governo de Gabriel Boric de desapropriar parte dos terrenos da antiga Colônia Dignidad.

A Associação para a Verdade, Justiça, Reparação e Dignidade dos Ex-Colonos (Adec) destacou em junho que a decisão é correta e tem o objetivo de “conseguir justiça, perdão e paz”, construindo “um memorial ao ‘Nunca Mais!'”.

Já Margarita Romero declarou à BBC News Mundo que a abertura da ex-colônia “representa um avanço significativo para a memória histórica” e “rompe com o privilégio de privacidade e segredo que o território manteve até agora. Esperamos que facilite o caminho para a verdade e a justiça”, destaca ela.

Mas o processo de desapropriação também levantou algumas dúvidas.

Uma delas é a escolha das construções a serem desapropriadas. Elas ficam dentro de um polígono de 182 hectares que foi protegido como monumento nacional em 2016.

Para Romero, “a desapropriação de apenas alguns locais acaba sendo incompreensível e inaceitável, pois coloca em risco a proteção e a integridade dos demais recintos e espaços (…). Trata-se de lugares onde centenas de prisioneiros políticos foram sequestrados, torturados e assassinados.”

“Acreditamos que é necessário avançar para a desapropriação de todo o polígono declarado Monumento Nacional em 2016”, acrescenta ela.

Romero também manifesta sua preocupação pela “falta de consideração pelos lugares conhecidos de sepultamento e queima dos seus restos”.

Sobre este ponto, o ministro Luís Cordero comentou à BBC News Mundo que “as valas não estão dentro da desapropriação porque, atualmente, são locais de perícia forense, no contexto do Plano Nacional de Busca”, uma política pública promovida por Boric para esclarecer as circunstâncias de desaparecimento e/ou morte durante o regime militar.

O ministro argumenta que foram escolhidos os seis edifícios “mais significativos” no contexto da história de abusos e torturas no interior da antiga colônia.

Por outro lado, os colonos e as pessoas que vivem ou trabalham na atual Vila Baviera manifestaram sua preocupação com os impactos da iniciativa sobre suas vidas.

“É importante que nós colonos, possamos continuar morando e trabalhando aqui, que não nos coloquem na rua”, declarou à agência de notícias espanhola EFE Harald Lindemann, de 65 anos. Ele chegou para morar no território quando tinha três anos de idade.

Paralelamente, a ADEC salientou que a desapropriação “não pode significar, de nenhuma forma, a expulsão dos colonos que moram hoje na Vila Baviera e tentam refazer sua vida que foi prejudicada”.

Consultado a respeito, o ministro Cordero destaca que “nos estabelecimentos afetados pela desapropriação, não moram pessoas”. Sobre a paralisação da atividade econômica no hotel e no restaurante, que também é motivo de preocupação, ele afirma que “isso faz parte da avaliação econômica da desapropriação”.

Por outro lado, o diretor da divisão de Direitos Humanos do Ministério de Relações Exteriores do Chile, Tomás Pascual, declarou à BBC que “pode gerar certas complexidades o fato de que pessoas continuem morando” ao lado do local de memória. “É algo que precisará ser determinado no processo.”

Por fim, outra preocupação se refere ao destino do dinheiro a ser pago pelo Estado chileno pelas desapropriações. A ADEC afirmou esperar que qualquer indenização “vá diretamente em benefício das vítimas e não da hierarquia atual da antiga Colônia Dignidad”.

O ministro Cordero reconheceu à BBC News Mundo que esta é uma “preocupação legítima” e que, “segundo a legislação chilena, a indenização é paga ao dono, seja ele pessoa física ou jurídica”.

“Neste caso, entendemos que seja um conjunto de empresas. Quero ser franco: no contexto da comissão mista, o Estado do Chile e o Estado alemão tiveram interesse em conhecer a matriz societária e foi relativamente difícil.”

Mas o ministro acrescentou que, “em relação à indenização, o Estado irá questionar a estrutura societária”.

Para Tomás Pascual, pode ser importante neste ponto a ajuda da Alemanha, que já prestou apoio ao Chile na ideia da construção de um local de memória.

“O objetivo é que este dinheiro não vá para os agressores”, destaca ele. “O Chile não tem muita competência, de forma que a Alemanha pode participar para ajudar as pessoas que moram ali e nunca receberam nada.”

Embora o governo de Boric espere o término da desapropriação até o final do seu mandato, em março de 2026, muitas pessoas conhecedoras do processo sabem que este trâmite pode ser longo e complexo.

Parte desta complexidade, segundo Tomás Pascual, deve-se ao fato de que, naquele local, “confluem diferentes tipos de vítimas durante muitos anos”.

“Temos vítimas de abuso sexual, de trabalho forçado e também da ditadura militar, de torturas e desaparecimentos”. E, para ele, este é o grande desafio do Chile: “reunir os relatos dos diferentes perfis das vítimas, que são muitos”.

Para o ministro Cordero, “a Colônia Dignidad é uma vergonha não só para a história do Chile, mas para o mundo. Por isso, é tão importante fazer deste local um espaço de memória.”

Este texto foi originalmente publicado aqui.

Fonte: Folha de São Paulo

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