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Líder do Hamas foi morto por bomba plantada há meses – 01/08/2024 – Mundo

Um dos principais líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado na quarta-feira (31) por um dispositivo explosivo plantado na casa de hóspedes do governo em Teerã, capital do Irã, onde ele estava hospedado, de acordo com sete autoridades do Oriente Médio, incluindo dois iranianos, e um americano.

A bomba havia sido escondida há aproximadamente dois meses na casa. O local é administrado e protegido pela Guarda Revolucionária do Irã e faz parte de um grande complexo, conhecido como Neshat, em um bairro nobre do norte da capital iraniana.

Haniyeh estava na cidade para a posse presidencial do país. A bomba foi detonada remotamente assim que foi confirmado que ele estava dentro de seu quarto na casa de hóspedes, disseram as autoridades. A explosão também matou um guarda-costas.

Haniyeh, que liderava o escritório político do Hamas no Catar, se hospedou em Neshat várias vezes ao visitar Teerã, de acordo com as autoridades, que falaram sob condição de anonimato para compartilhar detalhes sensíveis sobre o assassinato.

Líderes iranianos e do Hamas disseram na quarta que Israel era responsável pelo assassinato, uma avaliação compartilhada por vários oficiais dos Estados Unidos que pediram anonimato. O assassinato ameaçou desencadear outra onda de violência na região e interromper as negociações em curso para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. Haniyeh havia sido um dos principais negociadores nas conversas de cessar-fogo.

Israel não reconheceu publicamente a responsabilidade pelo assassinato, mas oficiais de inteligência israelenses informaram os americanos e outros governos ocidentais sobre os detalhes da operação imediatamente após o ocorrido, de acordo com as cinco autoridades do Oriente Médio.

Na quarta, Antony Blinken, secretário de estado dos Estados Unidos, disse que o país não teve conhecimento prévio do plano de assassinato.

Horas após o assassinato, a especulação se concentrou na possibilidade de que Israel tivesse matado Haniyeh com um ataque de míssil, possivelmente disparado de um drone ou avião, semelhante à forma como os israelenses lançaram um míssil em uma base militar em Isfahan, Irã, em abril.

Essa teoria do míssil levantou questões sobre como Israel poderia ter conseguido evadir novamente os sistemas de defesa aérea iranianos para executar um ataque aéreo tão ousado na capital.

Como se constatou, os assassinos conseguiram explorar um tipo diferente de brecha nas defesas do Irã: uma falha na segurança de um complexo supostamente bem guardado que permitiu que uma bomba fosse plantada e permanecesse escondida por muitas semanas antes de ser acionada.

Essa falha, disseram três autoridades iranianas, foi um erro catastrófico de inteligência e segurança e um tremendo constrangimento para a Guarda Revolucionária, que usa o complexo para retiros, reuniões secretas e hospedagem de convidados proeminentes como Haniyeh.

A pergunta sobre como a bomba foi escondida na casa de hóspedes permaneceu sem respostas. Líderes do Oriente Médio disseram que o planejamento para o assassinato levou meses e exigiu extensa vigilância do complexo. Os dois oficiais iranianos que descreveram a natureza do assassinato disseram não saber como ou quando os explosivos foram plantados no quarto.

Israel decidiu realizar a execução fora do Catar, onde Haniyeh e outros membros da liderança política do Hamas vivem. O governo do Catar tem mediado as negociações entre Israel e o Hamas sobre um cessar-fogo em Gaza.

A explosão na quarta de madrugada quebrou janelas e derrubou uma parte da parede do complexo, mostraram fotografias e disseram os oficiais iranianos. Os danos causados pareciam mínimos quando comparados com o potencial de um míssil.

Por volta das 2h da manhã, horário local, o dispositivo explodiu, de acordo com as autoridades do Oriente Médio, incluindo iranianos. Funcionários do prédio assustados correram para encontrar a origem do barulho tremendo, levando-os ao quarto onde Haniyeh estava hospedado com um guarda-costas, disseram.

O complexo conta com uma equipe médica que correu para o quarto imediatamente após a explosão. A equipe declarou que o líder do Hamas havia morrido imediatamente. A equipe tentou reanimar o guarda-costas, mas ele também estava morto.

O líder da Jihad Islâmica Palestina, Ziyad al-Nakhalah, estava hospedado ao lado, disseram dois dos oficiais iranianos. Seu quarto não foi muito danificado, sugerindo um planejamento preciso no direcionamento de Haniyeh.

Khalil al-Hayya, vice-comandante do Hamas em Gaza que também estava em Teerã, chegou ao local e viu o corpo de seu colega, de acordo com as cinco autoridades do Oriente Médio. Entre as pessoas imediatamente notificadas, disseram os três oficiais iranianos, estava o General Ismail Ghaani, comandante em chefe da Força Quds, o braço no exterior da Guarda Revolucionária, que trabalha em colaboração direta com aliados iranianos na região, incluindo o Hamas e o Hezbollah. Ele notificou o líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, no meio da noite, acordando-o, disseram os oficiais.

Quatro horas após a explosão, a Guarda Revolucionária emitiu um comunicado informando que Haniyeh havia sido morto. Até as 7h, Khamenei havia convocado os membros do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã para uma reunião de emergência em seu complexo, na qual emitiu uma ordem para atacar Israel em retaliação, de acordo com os três oficiais iranianos.

Fonte: Folha de São Paulo

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