Em sua primeira aparição pública após tornar-se candidata à vaga democrata na disputa pela Casa Branca, Kamala Harris fez uma defesa do legado de Joe Biden, dizendo que o presidente fez mais em quatro anos do que a maioria de seus antecessores fez em oito.
A declaração ocorre um dia após o octogenário desistir de tentar sua reeleição, após forte pressão interna do próprio partido, que duvidava cada vez mais da sua capacidade de derrotar Donald Trump. Ao anunciar sua saída, Biden endossou Kamala para substituí-lo na chapa do partido.
“O legado de Joe Biden nos últimos três anos e meio não tem paralelo na história moderna”, afirmou a vice-presidente durante um evento na Casa Branca na manhã desta segunda (22) com times da Associação Atlética Nacional Universitária. “Em um mandato, ele já superou o legado da maior parte dos presidentes que serviram dois mandatos.”
Em seguida, Kamala repetiu declarações que já havia feito em uma nota circulada no domingo, afirmando que conheceu Biden primeiramente por meio de seu filho Beau, morto em 2015, quando os dois trabalhavam juntos na Califórnia.
“As qualidades que ele reverenciava em seu pai são as mesmas que vi todo dia em nosso presidente. Sua honestidade, integridade, compromisso com sua fé e sua família. Seu grande coração e o profundo amor pelo nosso país”, afirmou. “Somos profundamente gratos pelo seu trabalho pela nossa nação”, completou.
O discurso é semelhante ao repetido por outros integrantes do partido desde que Biden anunciou sua saída da campanha. Em notas e entrevistas, democratas descrevem a decisão do presidente como um gesto altruísta e heróico.
A narrativa contrasta com tentativa semelhante feita entre republicanos em relação ao seu candidato, Donald Trump. Desde que sofreu uma tentativa de assassianto, há pouco mais de uma semana, o empresário vem sendo retratado por aliados como um herói. Em um comício no último sábado, Trump chegou a dizer que levou um tiro pela democracia.
Kamala é filha de um professor jamaicano e de uma pesquisadora de câncer indiana que se conheceram durante um protesto por direitos civis na Califórnia, nos anos 1960 —ambos faziam doutorado na Universidade de Berkeley. O nome da vice-presidente, em hindi, significa flor de lótus, como ela afirma em seu livro de memórias “The Truths We Hold – An American Journey” (2019). A pronúncia correta é “Kâmala”, com a sílaba tônica no “Ka”, e não “Kamála”.